As Sinfonias surgem no Renascimento para designar algumas peças instrumentais com 2 ou 3 instrumentos, pois o termo, que vem do grego, quer dizer "tocar junto": syn (juntos) e phōnē (soar). Logo nas primeiras operas e grandes oratórios, as Sinfonias designavam as partes instrumentais da obra, ou seja, a parte não-cantada. Usualmente, as primeiras Sinfonias eram, na verdade e muitas das vezes, as aberturas de óperas.
Com o advento dos concertos públicos — por exemplo, os Concerts Spirituels em Paris, que começaram em 1725 e tinham esse nome por apresentar, em alternativa à programação da Casa de ópera, obras sacras junto a outras de virtuosismo para orquestra — e a formação das primeiras orquestras estáveis, o século XVIII viu nascer a necessidade de uma "programação" de música orquestral. Era usual, junto a Concertos para teclado ou violino, os compositores lançarem mão de suas "Sinfonias" (Aberturas de óperas), mas descoladas da obra original; daí para que o gênero "Sinfonia" como peça instrumental virtuosística para orquestra tomasse vida própria foi um passo natural.
Nas mãos de Haydn estabeleceu-se a Sinfonia clássica por excelência, obra em 4 movimentos no esquema vivo-lento-vivo (dos Concertos), a Forma-Sonata é estabelecida como estrutura para o desenvolvimento do material do primeiro movimento. E herdando da Suite barroca — irmã mais velha ou tia da Sinfonia — uma dança que recairá no terceiro movimento: o Minuetto. Ao mesmo tempo, Mozart criava Sinfonias no modelo de Haydn, porém mais diretas e festivas.
Na virada do século para o XIX e início do Romantismo, a Sinfonia tomou mais fôlego dramático nas mãos do inquieto Beethoven. Incapaz de adequar-se à ópera em seu estilo tão direto, Beethoven voltou sua libido criativa às Sinfonias, carregando-as de emoções subliminares. Ciente de que época já não permitia certas firulas, nas mãos de Beethoven o Minuetto dá lugar ao Scherzo (do italiano Scherzando, "brincando"), mais irônico e enfático — e menos ingênuo. Contrariando a origem do gênero, Beethoven culminou sua obra com uma Sinfonia vocal: a Nona.
Durante o Romantismo prevaleceu a Sinfonia no estilo de Beethoven, e por vezes com o Scherzo alternando lugar com o movimento lento no miolo das obras. E com alguns toques pessoais: Schumann as fez líricas e lânguidas; Mendelssohn seguiu, de certa forma, a tradição mozartiana da alegria direta e dançante; já na segunda metade do Romantismo, Brahms homenageou Beethoven e investigou as formas antigas, incluindo no finale de sua última Sinfonia uma Passacalha; enquanto Tchaikowsky fez obras de cunho pessoal, ora expondo a alma russa em toda explosividade, ora falando de si mesmo.
Já Bruckner trabalhou na tradição, mas elevando a forma e encaminhando-a ao futuro. Suas Sinfonias respeitam a alma de Haydn, aderem ao Scherzo de Beethoven, exalando uma sonoridade que relembra o órgão de Abadia no qual ele fez-se músico. Mais que isso, com Bruckner a Sinfonia fez-se imensa, sempre em busca de romper com seus próprios limites.
Mahler foi o responsável por quebrar as barreiras que Bruckner não conseguiu derrubar. Fechando um parênteses aberto por Beethoven, Mahler extrapolou na forma, usou a voz em algumas, mudou-lhe a ordem dos movimentos repetidas vezes e até compôs Sinfonias que fogem totalmente ao convencional. Na obra mahleriana, a Sinfonia encontra seu caminho para as experimentações do século XX, e adere ao objeto reflexivo de maneira inconteste, com as angústias do compositor expostas sem piedade.
O século XX viu grandes Sinfonistas, cada um a seu modo: Sibelius materializou sua Finlândia em música tanto quanto Shostakovich retratou as mudanças históricas da Rússia. O legado continua em curso, com obras grandiosas, panorâmicas, algumas exóticas, das quais ainda seria cedo dizer se ficarão em destaque no repertório.
Com o advento dos concertos públicos — por exemplo, os Concerts Spirituels em Paris, que começaram em 1725 e tinham esse nome por apresentar, em alternativa à programação da Casa de ópera, obras sacras junto a outras de virtuosismo para orquestra — e a formação das primeiras orquestras estáveis, o século XVIII viu nascer a necessidade de uma "programação" de música orquestral. Era usual, junto a Concertos para teclado ou violino, os compositores lançarem mão de suas "Sinfonias" (Aberturas de óperas), mas descoladas da obra original; daí para que o gênero "Sinfonia" como peça instrumental virtuosística para orquestra tomasse vida própria foi um passo natural.
Nas mãos de Haydn estabeleceu-se a Sinfonia clássica por excelência, obra em 4 movimentos no esquema vivo-lento-vivo (dos Concertos), a Forma-Sonata é estabelecida como estrutura para o desenvolvimento do material do primeiro movimento. E herdando da Suite barroca — irmã mais velha ou tia da Sinfonia — uma dança que recairá no terceiro movimento: o Minuetto. Ao mesmo tempo, Mozart criava Sinfonias no modelo de Haydn, porém mais diretas e festivas.
Na virada do século para o XIX e início do Romantismo, a Sinfonia tomou mais fôlego dramático nas mãos do inquieto Beethoven. Incapaz de adequar-se à ópera em seu estilo tão direto, Beethoven voltou sua libido criativa às Sinfonias, carregando-as de emoções subliminares. Ciente de que época já não permitia certas firulas, nas mãos de Beethoven o Minuetto dá lugar ao Scherzo (do italiano Scherzando, "brincando"), mais irônico e enfático — e menos ingênuo. Contrariando a origem do gênero, Beethoven culminou sua obra com uma Sinfonia vocal: a Nona.
Durante o Romantismo prevaleceu a Sinfonia no estilo de Beethoven, e por vezes com o Scherzo alternando lugar com o movimento lento no miolo das obras. E com alguns toques pessoais: Schumann as fez líricas e lânguidas; Mendelssohn seguiu, de certa forma, a tradição mozartiana da alegria direta e dançante; já na segunda metade do Romantismo, Brahms homenageou Beethoven e investigou as formas antigas, incluindo no finale de sua última Sinfonia uma Passacalha; enquanto Tchaikowsky fez obras de cunho pessoal, ora expondo a alma russa em toda explosividade, ora falando de si mesmo.
Já Bruckner trabalhou na tradição, mas elevando a forma e encaminhando-a ao futuro. Suas Sinfonias respeitam a alma de Haydn, aderem ao Scherzo de Beethoven, exalando uma sonoridade que relembra o órgão de Abadia no qual ele fez-se músico. Mais que isso, com Bruckner a Sinfonia fez-se imensa, sempre em busca de romper com seus próprios limites.
Mahler foi o responsável por quebrar as barreiras que Bruckner não conseguiu derrubar. Fechando um parênteses aberto por Beethoven, Mahler extrapolou na forma, usou a voz em algumas, mudou-lhe a ordem dos movimentos repetidas vezes e até compôs Sinfonias que fogem totalmente ao convencional. Na obra mahleriana, a Sinfonia encontra seu caminho para as experimentações do século XX, e adere ao objeto reflexivo de maneira inconteste, com as angústias do compositor expostas sem piedade.
O século XX viu grandes Sinfonistas, cada um a seu modo: Sibelius materializou sua Finlândia em música tanto quanto Shostakovich retratou as mudanças históricas da Rússia. O legado continua em curso, com obras grandiosas, panorâmicas, algumas exóticas, das quais ainda seria cedo dizer se ficarão em destaque no repertório.
© RAFAEL FONSECA
(1772) MOZART Sinfonia n. 20
(1780) MOZART Sinfonia n. 34
(1785) HAYDN Sinfonia n. 83 "A Galinha"
(1788) MOZART Sinfonia n. 39
(1788) MOZART Sinfonia n. 40
(1788) MOZART Sinfonia n. 41 "Júpiter"
(1800) BEETHOVEN Sinfonia n. 1
(1802) BEETHOVEN Sinfonia n. 2
(1772) MOZART Sinfonia n. 20
(1780) MOZART Sinfonia n. 34
(1785) HAYDN Sinfonia n. 83 "A Galinha"
(1788) MOZART Sinfonia n. 39
(1788) MOZART Sinfonia n. 40
(1788) MOZART Sinfonia n. 41 "Júpiter"
(1800) BEETHOVEN Sinfonia n. 1
(1802) BEETHOVEN Sinfonia n. 2
(1804) BEETHOVEN Sinfonia n. 3 "Heróica"
(1806) BEETHOVEN Sinfonia n. 4
(1808) BEETHOVEN Sinfonia n. 5
(1808) BEETHOVEN Sinfonia n. 6 "Pastoral"
(1812) BEETHOVEN Sinfonia n. 7
(1812) BEETHOVEN Sinfonia n. 8
(1822) SCHUBERT Sinfonia n. 8 "Inacabada"
(1824) BEETHOVEN Sinfonia n. 9
(1830) ONSLOW Sinfonia n. 1
(1872) TCHAIKOWSKY Sinfonia n. 2 "Pequena Rússia"
(1873) BRUCKNER Sinfonia n. 3 "Wagner"
(1874) LALO Sinfonia "Espanhola"
(1874) BRUCKNER Sinfonia n. 4 "Romântica"
(1875) TCHAIKOWSKY Sinfonia n. 3 "Polonesa"
(1876) BRAHMS Sinfonia n. 1
(1877) TCHAIKOWSKY Sinfonia n. 4
(1877) BRAHMS Sinfonia n. 2
(1881) BRUCKNER Sinfonia n. 6
(1883) BRUCKNER Sinfonia n. 7
(1885) BRAHMS Sinfonia n. 4
(1886) SAINT-SAËNS Sinfonia n. 3 "com Órgão"
(1888) MAHLER Sinfonia n. 1 "Titã"
(1888) TCHAIKOWSKY Sinfonia n. 5
(1889) DVOŘÁK Sinfonia n. 8
(1890) BRUCKNER Sinfonia n. 8 "Apocalíptica"
(1890) CHAUSSON Sinfonia
(1893) TCHAIKOWSKY Sinfonia n. 6 "Patética"
(1893) DVOŘÁK Sinfonia n. 9, "do Novo Mundo"
(1894) MAHLER Sinfonia n. 2 "Ressurreição"
(1896) MAHLER Sinfonia n. 3
(1896) BRUCKNER Sinfonia n. 9
(1900) MAHLER Sinfonia n. 4
(1902) SIBELIUS Sinfonia n. 2
(1902) MAHLER Sinfonia n. 5
(1904) MAHLER Sinfonia n. 6 "Trágica"
(1905) MAHLER Sinfonia n. 7
(1906) SCHOENBERG Sinfonia de câmara n. 1
(1906) MAHLER Sinfonia n. 8 "dos Mil"
(1909) RACHMANINOV Sinfonia n. 2
(1909) MAHLER Sinfonia n. 9
(1924) SIBELIUS Sinfonia n. 7
(1925) SHOSTAKOVICH Sinfonia n. 1
(1934) BRITTEN Sinfonia Simples
(1937) SHOSTAKOVICH Sinfonia n. 5
(1939) SHOSTAKOVICH Sinfonia n. 6
(1947) VAUGHAM WILLIAMS Sinfonia n. 6
(1988) PANUFNIK Sinfonia n. 10
(1993) HENZE Sinfonia n. 8
(2015) ZHANGYI De uma Sinfonia Etérea
(1806) BEETHOVEN Sinfonia n. 4
(1808) BEETHOVEN Sinfonia n. 5
(1808) BEETHOVEN Sinfonia n. 6 "Pastoral"
(1812) BEETHOVEN Sinfonia n. 7
(1812) BEETHOVEN Sinfonia n. 8
(1822) SCHUBERT Sinfonia n. 8 "Inacabada"
(1824) BEETHOVEN Sinfonia n. 9
(1830) ONSLOW Sinfonia n. 1
(1872) TCHAIKOWSKY Sinfonia n. 2 "Pequena Rússia"
(1873) BRUCKNER Sinfonia n. 3 "Wagner"
(1874) LALO Sinfonia "Espanhola"
(1874) BRUCKNER Sinfonia n. 4 "Romântica"
(1875) TCHAIKOWSKY Sinfonia n. 3 "Polonesa"
(1876) BRAHMS Sinfonia n. 1
(1877) TCHAIKOWSKY Sinfonia n. 4
(1877) BRAHMS Sinfonia n. 2
(1881) BRUCKNER Sinfonia n. 6
(1883) BRUCKNER Sinfonia n. 7
(1885) BRAHMS Sinfonia n. 4
(1886) SAINT-SAËNS Sinfonia n. 3 "com Órgão"
(1888) MAHLER Sinfonia n. 1 "Titã"
(1888) TCHAIKOWSKY Sinfonia n. 5
(1889) DVOŘÁK Sinfonia n. 8
(1890) BRUCKNER Sinfonia n. 8 "Apocalíptica"
(1890) CHAUSSON Sinfonia
(1893) TCHAIKOWSKY Sinfonia n. 6 "Patética"
(1893) DVOŘÁK Sinfonia n. 9, "do Novo Mundo"
(1894) MAHLER Sinfonia n. 2 "Ressurreição"
(1896) MAHLER Sinfonia n. 3
(1896) BRUCKNER Sinfonia n. 9
(1900) MAHLER Sinfonia n. 4
(1902) SIBELIUS Sinfonia n. 2
(1902) MAHLER Sinfonia n. 5
(1904) MAHLER Sinfonia n. 6 "Trágica"
(1905) MAHLER Sinfonia n. 7
(1906) SCHOENBERG Sinfonia de câmara n. 1
(1906) MAHLER Sinfonia n. 8 "dos Mil"
(1909) RACHMANINOV Sinfonia n. 2
(1909) MAHLER Sinfonia n. 9
(1924) SIBELIUS Sinfonia n. 7
(1925) SHOSTAKOVICH Sinfonia n. 1
(1934) BRITTEN Sinfonia Simples
(1937) SHOSTAKOVICH Sinfonia n. 5
(1939) SHOSTAKOVICH Sinfonia n. 6
(1947) VAUGHAM WILLIAMS Sinfonia n. 6
(1988) PANUFNIK Sinfonia n. 10
(1993) HENZE Sinfonia n. 8
(2015) ZHANGYI De uma Sinfonia Etérea