Compositor: Anton Bruckner
Número de catálogo: WAB 106
Data da composição: de 24 de setembro de 1879 a 3 de setembro de 1881; revisada em 1885
Estréia: 26 de fevereiro de 1899 — Viena, Musikverein, Gustav Mahler regendo a Filarmônica local
Duração: cerca de 1 hora
Efetivo: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos e cordas (primeiros- e segundos-violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)
I. Majestoso
(Majestoso) — de 20 a 25 minutos
II. Adagio: Sehr feierlich
(Sem pressa: Muito solene) — cerca de 20 minutos
III. Scherzo: Nicht schnell
(Jogo: Sem ser rápido) — cerca de 8 minutos
IV. Finale: Bewegt, doch nicht schnell
(Final: Movimentado, mas não muito rápido) — cerca de 15 minutos
Número de catálogo: WAB 106
Data da composição: de 24 de setembro de 1879 a 3 de setembro de 1881; revisada em 1885
Estréia: 26 de fevereiro de 1899 — Viena, Musikverein, Gustav Mahler regendo a Filarmônica local
Duração: cerca de 1 hora
Efetivo: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos e cordas (primeiros- e segundos-violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)
Durante o processo de composição da Sexta, Bruckner experimentou o dissabor do fracasso com a estréia da Terceira, aquela dedicada a Wagner, mas a conclusão se deu sob a alegria do sucesso da estréia da Quarta. Ele a chamava de "Die Keckste", a descarada. Nesse sentido, ela é a que menos se compromete com a transcendência presente nas outras, sendo mais direta nas idéias, muitas vezes agressiva — uma catarse proposital com as críticas negativas que recebia? — e cheia de energia. As últimas páginas foram escritas no Mosteiro de Sankt Florian, o magistral monumento arquitetônico barroco onde ele havia passado sua infância.
Como a Sexta nunca foi tocada em sua vida, ela escapou da fúria revisional do compositor, que tanto atingiu as outras Sinfonias, que desafiam os regentes atuais dentre inúmeras opções para cada movimento. A Sexta seria estreada em 1899, três anos após a morte de Bruckner, por seu fiel discípulo e admirador, Gustav Mahler.
I. Majestoso
(Majestoso) — de 20 a 25 minutos
Curiosamente, Bruckner não utiliza o tradicional "maestoso" em italiano, mas usa a grafia derivada do latim, Majestoso, talvez para conferir à interpretação o sentido de poder soberano, em sua obsessão pela busca do sagrado em suas obras. Mas de todas as Sinfonias, esta Sexta é a que se inicia de forma mais nervosa e urgente. Teremos a alternância de episódios de lirismo, poucos momentos de calmaria, e em contraste grandes massas sonoras com forte presença da fanfarra, elevando o tom do movimento em afirmações de franqueza e desafio.
II. Adagio: Sehr feierlich
(Sem pressa: Muito solene) — cerca de 20 minutos
O segundo movimento tem tonalidades suaves, toma ares evocativos, traz episódios reflexivos e chega a sugerir em determinado momento uma marcha fúnebre. Ele talvez seja um dos movimentos mais atípicos em Bruckner, pela solenidade contida, sem aquele lirismo espaçoso que seus outros adagios contém. E o movimento também encerra certa dose de experimentalismo que permeava a paleta de ideias do compositor, à época em plena devoção ao universo wagneriano.
III. Scherzo: Nicht schnell
(Jogo: Sem ser rápido) — cerca de 8 minutos
São famosos e extraordinários os Scherzos das Sinfonias de Bruckner, mas este é de longe o mais especial e inventivo. Quase tão demoníaco como o Scherzo da Nona, mas combinando em contraste um certo ar bucólico. Atinge ápices magníficos, e deixa transparecer uma certa irritação entre os temas, como se na conversa entre as passagens mais rústicas e as mais enfáticas houvesse disputa de espaço e, com isso, um atrito de ideias. Configura-se num dos episódios mais teatrais em toda a criação sinfônica bruckneriana, e é possível ouvir Wagner ecoando na partitura...
IV. Finale: Bewegt, doch nicht schnell
(Final: Movimentado, mas não muito rápido) — cerca de 15 minutos
A crítica especializada aponta um desajuste entre os três movimentos precedentes e este finale. Georg Tintner, grande maestro bruckneriano, declarou que a Sexta era composta de "três movimentos perfeitos e um problemático". Eu peço licença para discordar. Se pensamos no contexto da composição, o início sob o aborrecimento da estreia mal-sucedida da Terceira Sinfonia, temos um Bruckner enchendo-se de coragem para experimentar e testar novas fórmulas de composição. A escrita do finale se dá no ambiente que, para ele, era o doméstico, o mosteiro de sua infância, sentindo a alegria do triunfo da Quarta Sinfonia que havia estreado com sucesso pelas mãos de Hans Richter: aqui ele emprega um sorriso de agradecimento aos anjos barrocos que adornam e volteiam o órgão da abadia onde ele passou anos tocando na infância (e embaixo do qual iria descansar eternamente, pois ali está enterrado). Bruckner conclui esta obra dissolvendo as agressividades e o constante nervosismo que pontuou os movimentos precedentes. O finale da Sexta é Bruckner relaxado. Aproveite, você não terá chance de ouví-lo assim em outro momento.
© RAFAEL FONSECA
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