(1786) MOZART Concerto para piano n. 25

Compositor: Wolfgang Amadeus Mozart
Número de catálogo: K 503
Data da composição: final de 1786, terminado a 4 de dezembro de 1786
Estréia: 5 de dezembro 1786 — em Viena, no Casino Trattnerhof, Mozart no piano e regência

Duração: cerca de 30 minutos
Efetivo: piano solista;
Efetivo: 1 flauta, 2 oboés, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpano e as cordas (primeiros- e segundos-violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)

Este Concerto é o último de uma série de 12 criados entre 1784 e 1786 para as Akademie (como eram chamadas as tardes de concerto) promovidas com suas obras em Viena. Depois de dois Concertos muitos densos (os de número 20 e 21) e três muito brilhantes (os 22, 23 e 24), este parece mostrar um Mozart menos voltado a agradar o público. Certamente terá influído a crescente antipatia que o público aristocrático passou a nutrir por Mozart após a estréia de As Bodas de Fígaro: uma ópera na qual a trama é impulsionada por personagens femininas, e cujo casal protagonista é a dupla de empregados, que passam a trama toda a ridicularizar o casal de Condes, seus patrões. Ciente de que não teria de tais ouvidos nenhuma benevolência, Mozart desenvolve suas ideias de maneira leve e despojada, como se escrevesse despreocupadamente para si mesmo.

I. Allegro maestoso (Rápido e majestoso) — cerca de 14 minutos
A abertura é solene e pomposa, mas soa um pouco antiquada, meio barroca. Logo o piano responde à frase inicial, mas de maneira suave e segura. Curiosamente, a melodia secundária nos faz lembrar a Marselhesa (que ainda seria escrita por Rouget de Lisle em 1792, 6 anos depois, um após a morte de Mozart). Mozart se expande neste movimento como em nenhum outro Concerto, e faz uso da orquestra de forma bastante sinfônica, tratando-a como um conjunto mais coeso, ao invés da forma usual, quando ele quase sempre jogava com os naipes de forma separada (sopros dialogando com o solista e cordas promovendo a moldura).

II. Andante (Calmamente) — cerca de 8 minutos
Uma serenidade pastoral toma conta deste trecho, onde os temas se sucedem sem brilho ou exagero; há uma tranquilidade quase austera por trás deste belo movimento lento. Ele é reflexivo e nos coloca em contato com uma atmosfera sonhadora que já prenuncia os movimentos lentos românticos de Beethoven.

III. Allegretto (Quase rápido) — cerca de 9 minutos
Um finale de construção complexa, recuperando um tema que tinha aparecido em sua ópera Idemeneo (de 1781), e que mantém a levada mais contida de toda a obra, sem ceder a artifícios fáceis. Isso talvez tenha contribuído para a relativa sombra por sobre essa obra genial ao longo dos tempos: após a estréia em 1786 — no dia seguinte à conclusão da partitura — Mozart o apresentaria uma vez mais em 1787; quando Arthur Schnabel o tocou com a Filarmônica de Viena sob regência de George Szell em 1934, marcava-se a primeira apresentação da obra desde então, 147 anos depois! Hoje está plenamente estabelecido no repertório, reconhecido pela crítica como um dos mais refinados Concertos do compositor.

© RAFAEL FONSECA


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