(1853) LISZT Poema Sinfônico "Os Prelúdios"

Ouvertüre des Quatre élémens
Les préludes, symphonische Dichtung
Les préludes, d'après Lamartine
Les préludes

Compositor: Franz Liszt
Número nos catálogos: LW G-3 / S 97 / R 414 / C 551
Data da composição: 1845 (peça que dará origem a esta); 
Data da composição: depois entre 1849 a 1853, revisões em 1854 e 1855
Estréia: 23 de fevereiro de 1854 — em Weimar, no Hoftheater (hoje Nationaltheater), regência do autor

Duração: cerca de 16 minutos
Efetivo: 1 flauta-piccolo, 3 flautas, 2 oboés, 2 clarinetas, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, 1 tuba, tímpanos, caixa-clara, bumbo, pratos, harpa, as cordas (primeiros- e segundos-violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)

Com "Os Prelúdios" nasce a terminologia e também a idéia do Poema Sinfônico. Tudo começa em 1845 com uma obra coral intitulada "Os Quatro Elementos" na qual o coro masculino canta poemas de Joseph Autran, da qual a abertura seria re-trabalhada e daria origem a uma peca sinfônica independente. Quando da estréia dessa peça, à qual Liszt re-batizou de "Les Préludes", o jornal de Weimar noticiou a apresentação de um novo "Symphonische Dichtung" — Poema Sinfônico, fazendo alusão à origem da peça na literatura pré-existente — de Liszt, e assim estava cunhada, pela primeira vez, a expressão com a qual Liszt batizaria 12 outras composições. Para torná-la totalmente independente da obra anterior, Liszt a associou à coletânea "Méditations poetiques" do poeta Alphonse de Lamartine, mais famoso que Autran, título que de certa maneira justificava a reflexão musical sobre poesia que ele estava fazendo. 

Andante – Andante maestoso – L'istesso tempo – Allegro ma non troppo – Allegro tempestoso – Un poco più moderato – Allegretto pastorale – Poco a poco più di moto – Allegro marziale animato – Andante maestoso
(Passo de caminhada — Passo de caminhada, majestosamente — O mesmo andamento — Rápido mas não tanto — Rápido e tempestuoso — Um pouco mais moderado — Sem arrastar, pastoril — Pouco a pouco com mais movimento — Rápido, marcial e animado — Passo de caminhada, majestosamente)

A obra subdivide-se em 5 seções, sendo a primeira, marcada Andante, a apresentação da grande Questão, a pergunta que fascinava Liszt nesse momento, a trajetória da vida até a morte, que segue num crescendo até o Andante maestoso. O segundo tema aparece no L'istesso tempo (retorno ao tempo inicial) e é o tema do Amor, a razão para viver, a única redenção possível da alma humana. Vale lembrar que era o auge do romance do autor com a Princesa Karolina Sayn-Wittgenstein, que escreveu um prefácio para a primeira publicação dessa obra, e que certamente trouxe inspiração apaixonada à melodia. No a aparece Allegro ma non troppo Tempestade, tempestade da vida, adversidades do caminho e perigos a vencer. A quarta e penúltima seção apresentada com o Allegretto pastorale traz a Calma bucólica, a consolação, a bonança após a tempestade — e podemos notar aqui a ligação estreita dessa concepção estrutural com a da Sinfonia Pastoral de Beethoven — numa atmosfera delicada introduzida pela harpa. O finale da peça se dá a partir do Allegro marziale animato que representa a Batalha e Vitória, numa alusão heróica de trajetória pessoal. 

A argumentação meditativa do próprio Liszt ao apresentar essa obra em Berlim em 1855 nos define bem as sensações despertadas por esta vibrante composição: — "Que seria a vida senão uma série de prelúdios ao enigmático Hino, cuja primeira nota solene é dada pela morte? O amor é a alvorada encantada de cada coração. Mas, haverá alguém cuja felicidade não passe por uma tempestade, destroçando friamente as ilusões românticas e arrasando seu altar? Qual alma, tão cruelmente ferida, não pretende esquecer tais angústias, na solidão da vida bucólica? Entretanto, o homem parece não suportar o pacato sossego da Natureza. Quando ouve o soar das trompas, ele se une aos seus, não importa a causa pela qual o chamam à batalha. Lança feroz na luta e, no calor da briga, recupera a auto-confiança".

© RAFAEL FONSECA

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