(1730) Partitas para cravo ns. 1 a 6

Partitas n. 1, 2, 3, 4, 5, 6

Compositor: Johann Sebastian Bach
Número de catálogo: BWV 825 a 830
Data da composição: entre 1726 e 1730
Estréia: certamente Bach ao cravo, em audição doméstica

Duração: entre 15 e 20 minutos cada Concerto
Efetivo: o cravo (ou piano)

Como toda a obra de Bach para o teclado, seja para o cravo ou para o órgão, estas Partitas migraram para o repertório do piano e são largamente exploradas pelos pianistas.

Bach já havia escrito 2 conjuntos de Suites, o primeiro, de cerca de 1720, hoje é conhecido como Suites Inglesas (por ter sido escrito sob encomenda de um Cavaleiro inglês); e o segundo, escrito por volta de 1722/5, hoje chamado Suites Francesas, pelo evidente uso do estilo francês na elaboração. Esse é o terceiro e último conjunto de Suites, conhecido apenas como "Partitas", do italiano "partes", cuja nomenclatura moderna será mesmo suite, no sentido musical de um conjunto de danças típicas encadeadas.

Cada Partita obedece a estrutura da Suite encadeando as danças allemande-courante-sarabanda-giga, porém é o movimento inicial — podendo ser um contido Prelúdio na primeira, uma Abertura de gosto francês como na número 4 ou uma Fantasia de caráter mais livre na número 3 — que dará a cada uma das peças a sua personalidade.

As Partitas, assim como boa parte da produção do compositor para o cravo, surgem nos anos de 1720, década na qual o nome de Bach notabilizou-se por boa parte da Europa como grande virtuoso do teclado. Essas Partitas, junto a peças como as outras Suites, o Concerto Italiano e as Variações Goldberg, foram publicadas em seu Clavier-Übung (Caderno de prática para o teclado).

Partita n. 4
Número de catálogo: BWV 828
Duração: de 20 a 30 minutos, dependendo do respeito do intérprete às repetições propostas na partitura

I. Ouverture: Alla breve (Abertura: Tempo curto)
A peça abre com uma Abertura imponente e brilhante, cheia de volteios (bem ao gosto francês). É um movimento longo, cuja parte inicial é dramática e mais cadenciada, para depois apressar numa frase cheia de vivacidade de espírito, numa utilização indiscutivelmente bachiana do recurso do contraponto.

II. Allemande (À maneira alemã)
Outro movimento robusto, que junto com o anterior ocupa metade do tempo total da obra. De grande expressividade, essa Allemande serena nos traz densidade e introspecção. Dentro da tradição das Allemandes, que surgem nas primeiras Suites do século XVI como o "bal tedesco", a dança mais moderada, o estilo lembra o da improvisação.

III. Courante (Correndo)
Em perfeito contraste-encaixe com o trecho anterior, essa Courante é jovial e leve. O termo também aparece historicamente como Corrente e quer dizer exatamente "correndo", porém a corrida do século XVI (quando essas denominações surgiram) não era exatamente uma velocidade de tempo tão acelerada; na tradição das Suites de danças, ela é a dança de batida ternária, um pouco mais rápida que as demais.

IV. Aria (Ária)
A ária em questão foge um pouco do imaginário geral a respeito do termo, que sugere algo mais evocativo. Está mais calcada na exploração do contraponto, de vigorosa vibração e rápida resolução, sendo um trecho bastante curto. 

V. Sarabande (Sarabanda)
A Sarabande se configura numa das mais fascinantes danças da Suite Barroca dos séculos XVI e XVII. Sua origem na zarabanda, surgida na América Central, lamentos cantados de caráter denso e reflexivo, desenvolveu-se numa passagem lenta dentro da estrutura da Suite. Bach nos coloca em contato com uma Sarabanda doce e terna, que antevê em certas passagens o lirismo que a música irá alcançar no Romantismo do século XIX.

VI. Menuet (Minueto)
O "passo miúdo" da tradição francesa em suas danças de corte e galanteria, é resolvido aqui rapidamente, porém sem pressa e com graciosamente.

VII. Gigue (Giga)
Como pede a tradição das Suites, Bach fecha a Partita com uma Giga (do inglês jig ou jigg, dança inglesa do século XV que pode ter origem na palavra francesa "gigner", pular). As gigas — que deram origem à nossa ginga — são rápidas, agitadas, e esta é brilhantemente construída sobre contrapontos, finalizando a peça com a animação própria de um finale.

© RAFAEL FONSECA

Partita n. 4 no cravo:


Partita n. 4 no piano:

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