(1829) ROSSINI Abertura "Guilherme Tell"

Guillaume Tell (quando da estréia francesa, em 1829)
Guglielmo Tell (quando da estréia italiana, em 1833)
William Tell (quando da estréia inglesa, em 1853)

Compositor: Gioacchino Rossini
Número de catálogo: EC I/39
Data da composição: de 1824 a 1829
Estréia: 3 de agosto de 1829 — Paris, na Opéra, regência de François Habeneck

Duração: cerca de 12 minutos
Efetivo: 1 flauta, flauta-piccolo, 2 oboés (1 alternando com corne-inglês), 2 clarinetas, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, triângulo, bumbo, pratos, e as cordas (primeiros-violinos, segundos-violinos, violas, violoncelos, contra-baixos)

Esta é a música de abertura para a última das 39 óperas escritas por Rossini ao longo da vida, estreada em 1829. Ele ainda viveria quase 40 anos mais, desfrutando de confortos que o dinheiro ganho com seus sucessos lhe proporcionou, mas não voltaria a escrever uma ópera, apenas poucas peças, de música de câmara ou sacra. Seu novo estilo de vida simbolizou-se por sua criação junto ao chef francês Carême: o Filé à Rossini. Chega de óperas, deve ter pensado o mestre, aumentando a cintura nas melhores mesas de Paris, cidade onde passou a metade final de sua existência.

O enredo da obra trata do herói nacional suíço, personagem-título. Apesar da ópera completa pouco frequentar os palcos de hoje, a Abertura é e sempre foi um imenso sucesso no repertório das orquestras. Nela Rossini absorveu a idéia do herói como ponto central da música, que quer, primeiramente, ambientar o ouvinte, antes do pano abrir, na vida dos Alpes. Sua introdução, uma plangente passagem com 5 violoncelos-solistas dialogando com o restante da seção dos violoncelos, mais os contra-baixos. É um efeito, sem dúvida, de grande poder, quer pela melodia, quer pelo inusitado uso das cordas graves, geralmente relegadas à posição de acompanhantes dos instrumentos mais brilhantes na música sinfônica.

O segundo trecho, que claramente remete a Beethoven (morto dois anos antes da estréia desta), é uma Tempestade na qual a flauta-piccolo e os violinos são os maiores responsáveis pelo mimetismo da música com a realidade do evento da Natureza. Conforme a Tempestade vai se afastando, a instrumentação vai diminuindo, até sobrar somente a flauta.

Uma melodia do corne-inglês, repetida pela flauta, dá início à terceira passagem desta Abertura, um dueto desses dois instrumentos que nos coloca naquele cenário idílico de uma Suíça de pastos cinematográficos e vaquinhas bucólicas. É invenção genial, tocante e sugestiva.

Um contundente chamado de trompete interrompe a atmosfera pastoril e dá início ao quarto e último trecho, a cavalgada dos soldados suíços, que liderados por Guilherme Tell teriam conseguido a independência da Confederação Helvética (Suíça, para quem não sabe) da tirania do Império Habsburgo, no século XIV. Esta é a parte mais popular da obra, e mesmo podemos dizer, um dos temas mais conhecidos de todo o repertório orquestral. Foi banalizado em propagandas de tevê e desenhos animados, mas diante da Abertura como um todo percebemos estar ouvindo uma verdadeira obra-prima, com qualidades tanto orquestrais como dramáticas.

© RAFAEL FONSECA

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