(1880) BRAHMS Abertura "Trágica"

Tragische Ouvertüre

Compositor: Johannes Brahms
Número de catálogo: Opus 81
Data da composição: 1880
Estréia: 26 de dezembro de 1880 — Viena, Hans Richter regendo a Filarmônica de Viena

Duração aproximada: 13 minutos
Efetivo: 1 piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetas, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, 1 tuba, tímpanos, cordas (primeiros-violinos, segundos-violinos, violas, violoncelos, contra-baixos)

A obra se apresenta como um movimento sinfônico na tradicional Forma-sonata, em 3 fases:

Allegro ma non troppo — Molto più moderato — Tempo primo ma tranquillo
(Rápido mas nem tanto — Muito mais moderado — Tempo inicial mais tranqüilo)
   
No verão de 1880 Brahms estava na cidadezinha de Bad Ischl — nos Alpes austríacos, perto de Salzburg — escrevendo uma Abertura sinfônica para responder à homenagem prestada a ele pela Universidade de Breslau, a chamada "Abertura Festiva" ou "para um Festival Acadêmico". De impulso, resolveu criar a "Abertura Trágica" como antagonista à outra, "uma sorri e a outra chora" ele comentou. Contrariamente à prática tão comum de seus contemporâneos do Romantismo, não há nada a associar à esta Abertura, como peça literária ou história de pano-de-fundo. Brahms, o partidário da "música pura", deixou claro que "não tinha em mente nenhuma tragédia específica".

Ao seu editor, ele escreveu que "não poderia esconder a satisfação de escrever algo assim, já que minha alma é tão melancólica". De fato, a Abertura é mais dramática que trágica; e existe uma anotação dele em seus alfarrábios onde ele a chama assim, "Abertura Dramática". Ela se coloca ao lado da anterior, a "Abertura para um Festival Acadêmico", como as máscaras da tragédia e da comédia do teatro clássico.
 
Trata-se de uma obra sinfônica cheia de intenção dramática, um pós-Classicismo que o liga diretamente a Haydn, onde o conteúdo trágico aparece envolto na elegância do discurso sinfônico de enaltecimento próprio daquele compositor. Não quero afirmar com isso, que se trata de uma peça antiquada, mas sim reveladora de um caráter experimental que o autor vive entre sua Segunda e Terceira Sinfonias, como quem testa com profundidade as possibilidades do discurso sinfônico.

© RAFAEL FONSECA