Compositor: Béla Bartók
Número de catálogo: Sz 93 / BB 91
Data da composição: 1926
Estréia: 1 de julho de 1927, em Frankfurt - Béla Bartók ao piano, regência de Wilhelm Furtwängler
Número de catálogo: Sz 93 / BB 91
Data da composição: 1926
Estréia: 1 de julho de 1927, em Frankfurt - Béla Bartók ao piano, regência de Wilhelm Furtwängler
Bartók sempre foi um pianista excelente, mas até aqui nunca tinha se dedicado a uma obra de vulto para o instrumento. A ordem da hora era ser anti-Romântico, negar toda e qualquer emoção exacerbada à maneira de um Tchaikowsky — ou, para ficarmos somente entre húngaros, à la Liszt.
É comum ouvirmos Bartók ser interpretado de maneira bastante angulosa, dura e seca. Aliás, são esses os adjetivos associados à música dele. Mas Otto Klemperer, que regeu música de Bartók com o próprio sentado ao piano, lembrava que seu toque era de uma beleza transcendental, uma beleza "quase doída", o que me soa bastante romântico...
Nesse Concerto, ele quis extrair da música seu primitivismo, e ele diria que buscou em Bach, e na dinâmica barroca, a sua inspiração. Está presente a idéia de admitir em música o ruído, tão presente como elemento naqueles tempos onde máquinas e carros eram a grande novidade.
O segundo movimento desnuda o piano em sua essência: afinal, estamos diante de um instrumento de percussão. São os martelos, percutindo as cordas, que produzem os sons. O diálogo entre o piano e tímpanos, pratos, tarol e demais instrumentos percussivos, chega a ser desconcertante. Uma orientação da partitura, nem sempre respeitada pelos regentes, pede que o naipe de percussão seja colocado bem no meio da orquestra — ao contrário da disposição convencional, com eles sempre ao fundo —, logo ali ao lado do piano.
O finale joga o ouvinte numa dança brutal, rude, sem concessões. Deve-se ouvir a obra consciente do significado desse tempo entre-guerras na cabeça de um húngaro...
© RAFAEL FONSECA