(1908) BARTÓK Concerto para violino n. 1

Compositor: Béla Bartók
Número de catálogo: Sz 36 / BB 48-a
Data da composição: 1907/1908
Estréia: 30 de maio de 1958 - Basel, Suíça - Hansheinz Schneeberger ao violino, com regência de Paul Sacher

Duração: cerca de 21 minutos
Efetivo: o violino solista; 2 flautas, 1 flauta-piccolo, 2 oboés, 1 corne-inglês, 2 clarinetas, 1 clarineta-baixo, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 2 trombones, 1 tuba, tímpanos, triângulo, bumbo, 2 harpas, as cordas (primeiros- e segundos-violinos, violas, violoncelos, e contra-baixos)

Em 1908 Bartók entregou à violinista Stefi Geyer um manuscrito de uma obra que jamais, nem ele nem ela, ouviriam tocar: este Concerto para violino (hoje numerado como o primeiro do compositor). Como tantas obras do período, esta mostra a motivação autobiográfica, sua experiência pessoal colocada em música. Ele estava apaixonado por ela e escreveu uma obra atípica, a retratando, em dois movimentos:

I. Andante sostenuto (Calmamente, sustentando as notas) — cerca de 9 minutos
O primeiro movimento traduz a imagem idealizada dela, "sobrenatural e intimista". O solo inicial, que começa desacompanhado e vai sendo aos poucos complementado pela orquestra, já antecipa a desolação de um jovem (Bartók tinha 26 anos) que vê seu amor não correspondido.

II. Allegro giocoso (Rápido e jocoso) — cerca de 12 minutos
Já o segundo movimento será o retrato real dela, segundo a visão dele, "alegre, espirituoso e divertido". A angulosidade típica da obra deste compositor, a aspereza própria daquele momento histórico — afinal, o mundo marchava em direção à mais terrível e sangrenta das guerras — e a inventividade do autor se misturam ao que deveria soar somente como um divertido jogo de sedução. 

Segundo carta do compositor à violinista, haveria o plano de um terceiro movimento, este ― como ele escreveu à ela ― mostraria a Stefi Geyer "indiferente, reservada e calada". Talvez esta tenha sido apenas uma alfinetada, e não um plano real de fazer a crítica em forma de música. Como se sabe, o romance nunca se realizou.

© RAFAEL FONSECA