Compositor: Robert Schumann
Número de catálogo: Opus 44
Data da composição: 1842
Estréias: 6 de dezembro de 1842 — na casa dos Schumann em Leipzig, Felix Mendelssohn ao piano com o Quarteto de Ferdinand David
Estréias: 8 de janeiro de 1843 — na Gewandhaus, em Leipzig, Clara Schumann ao piano com o Quarteto de Ferdinand David (o spalla da Gewandhaus na época)
Duração: cerca de 30 minutos
Efetivo: piano; quarteto de cordas: 2 violinos, 1 viola, 1 violoncelo
Número de catálogo: Opus 44
Data da composição: 1842
Estréias: 6 de dezembro de 1842 — na casa dos Schumann em Leipzig, Felix Mendelssohn ao piano com o Quarteto de Ferdinand David
Estréias: 8 de janeiro de 1843 — na Gewandhaus, em Leipzig, Clara Schumann ao piano com o Quarteto de Ferdinand David (o spalla da Gewandhaus na época)
Duração: cerca de 30 minutos
Efetivo: piano; quarteto de cordas: 2 violinos, 1 viola, 1 violoncelo
Schumann terminara sua Primeira Sinfonia, intitulada Primavera, em 1841 e o ano seguinte foi em sua maior parte dedicado à música de câmara. Num espaço de 9 meses ele produziu três Quartetos de cordas (dedicados ao amigo Mendelssohn), um Trio, um Quarteto e um Quinteto, todos com piano, além de muitas canções. Clara, sua esposa, pianista de enorme talento, estava sempre presente. Ela é quem iria tocar a estréia privada da obra, em casa, mas sentiu-se mal (estava grávida) e foi Mendelssohn quem a substituiu no último momento. Clara era o centro da obra do marido. Fosse fisicamente, a seu lado, fosse espiritualmente, em música; Clara, a musa.
Curiosamente, a ideia de combinar um piano ao Quarteto de cordas pode parecer naturalíssima, mas... até aquele momento ninguém o havia feito. Este será o primeiro. São 4 os movimentos:
I. Allegro brillante (Rápido e brilhante) — cerca de 9 minutos
A obra inicia de maneira otimista, altiva. Lembrando um pouco os Quartetos com piano de Mozart. As melodias ternas tão típicas de Schumann logo aparecem, apresentadas pelo piano e repetidas pelo quarteto. Uma frase cheia de amor e romance surge no violoncelo, embasada pela viola. No Quarteto com piano que ele vai escrever logo depois ele também coloca o violoncelo nessa posição, como se fosse esse instrumento sia própria voz, em devoção ao piano, instrumento naturalmente líder numa formação como esta, e que no caso era pensado para ser tocado por Clara. O entrelace entre os 5 instrumentos, no desenvolvimento da peça, é magistral. O movimento termina .
II. In modo d'una marcia: Un poco largamente (Como uma marcha: Quase vagarosamente) — cerca de 9 minutos
De atmosfera sombria, quase uma marcha fúnebre, este movimento certamente tem a ver com o momento doméstico naqueles dias de 1842. Grávida da segunda filha, Clara se viu obrigada a sair em turnê ao exterior, enquanto Schumann ficara em casa remoendo sobre o sucesso (e o dinheiro) que ainda não lhe chegava, dependendo da esposa (no século XIX, pensem nisso) para manter a casa. Será que sua admiração aqui não se mistura a um certo rancor? Numa das vezes que esta peça estava programada para ser apresentada por Clara, nas muitas que ela tocou, Schumann teria dito que "um homem entenderia melhor a obra".
III. Scherzo: Molto vivace (Jogo: Muito vivaz) — cerca de 4 minutos
Como quem sacode a poeira das dores do movimento anterior, este Scherzo é cheio de alegria e juventude, com dois episódios contrastantes no meio. No primeiro deles, muito lírico e poético, é o violino que assume a melodia, enquanto o piano borda uma base delicada. No segundo, agiatado e efervescente, o piano brinca com as cordas em pizzicato (beliscadas sem o uso do arco). Há um quê de Beethoven no ar.
IV. Allegro ma non troppo (Rápido mas não muito) — cerca de 7 minutos
O finale é grandioso, intrincado, rico em ideias, combinando lirismo, força, inventividade. Lembra, um pouco, os finales camerísticos mozartianos, mas com a dosagem certa de verve romântica, explorando as potencialidades dos instrumentos, ora dos 5 individuamentem ora da combinação de piano e quarteto. Perto da conclusão, uma fuga à la Bach, de grande impacto mas cujo arremate é puro Schumann, sem dever nada a ninguém.
© RAFAEL FONSECA
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