(1824) SCHUBERT Octeto

Compositor: Franz Schubert
Número de catálogo: D 803
Data da composição: fevereiro e março de 1824

Estréias: 16 de abril de 1824 — em Viena, na residência do conde Troyer, com este na clarienta, Ignaz Schuppanzigh no violino e outros membros da orquestra do Conde Rasumovsky;
Estréias: 16 de abril de 1827 — em Viena, no Café Zum Roten Igel em concerto da Sociedade Musical, com Ignaz Schuppanzigh e Carl Holz (violinos), Franz Weiss (viola), Joseph Linke (violoncelo), Josef Melzer (contra-baixo), Goerg Klein (clarineta), August Mittag (fagote) e Friedrich Hradeszky (trompa)

Duração: cerca de 55 minutos
Efetivo: 1 clarineta, 1 fagote, 1 trompa, 2 violinos, 1 viola, 1 violoncelo e 1 contra-baixo

Estamos em Viena, em 1824. Beethoven está prestes a concluir sua Nona Sinfonia. Duas coisas irritavam a frágil paciência do mestre naqueles dias: o sucesso das óperas de Rossini e um sucesso seu, o Septeto. Obra de 1800, escrita num período no qual seu estilo ainda prestava favores às elegâncias do Classicismo, o Sepeto era muito tocado em Viena, pelos gracejos agradáveis contidos na partitura, e por reunir um bom número de músicos (7, evidentemente) sem demandar o dispendioso contrato de uma orquestra, para se tocar uma Sinfonia, por exemplo.

O Conde Ferdinand Troyer era um dos principais nobres a serviço do Arquiduque Rodolfo, o irmão mais jovem do Imperador e grande patrono de música. Troyer era conhecido por tocar muito bem a clarineta. Com pouca literatura de câmara para o instrumento, Troyer queria outra peça para apresentar junto ao Spteto quando fosse tocá-lo. E fez a encomenda a Schubert, de uma obra em tudo similar à de Beethoven: na estrutura e na instrumentação. E assim, no espaço de cerca de um mês, Schubert o fez, adicionando um segundo-violino e criando seu Octeto.

São 6 movimentos:

I. Adagio — Allegro — Più allegro (Com calma — Rápiudo — Mais rápido) — cerca de 15 minutos
Eram tempos sombrios para Schubert, administrando sua recém-descoberta sífilis e com a certeza da proximidade da morte pela doença. Schubert tinha 27 anos e morreria 4 anos depois. Certa melancolia, tão natural na música do compositor, está aqui presente. O movimento inicial é pleno de lirismo e força.

II. Adagio (Com calma) — cerca de 12 minutos
O segundo movimento traz um estupendo solo de clarineta — afinal, estava-se atendendo a uma encomenda a alguém que tocava este instrumento! — e tem ares de prece, sendo que algumas passagens podem remeter ao acompanhamento na Ave Maria que Schubert criou em cima de um prelúdio de Bach.

III. Allegro vivace (Rápido e vivo) — cerca de 7 minutos
O terceiro movimento é um Scherzo, um tipo de música em voga na época desde seu uso nas Sinfonias imposto por Beethoven; uma frase fresca e muito graciosa.

IV. Andante mit variationen — Un poco più mosso – Più lento (Confortavelmente, e com variações — Um pouco mais movimentado — Mais lento) — cerca de 12 minutos
O Andante, quarto movimento, contém 7 deliciosas variações de um tema que Schubert havia empregado em sua ópera de 1815, Os Amigos de Salamanca (que permaneceu desconhecida até 1918!). A liderança é entregue ao violino principal e à clarineta.

V. Menuetto: Allegretto (Passo miúdo: Sem arrastar) — cerca de 7 minutos
Curiosamente, após empregar o Scherzo no terceiro movimento, no quinto ele traz um Minueto, justamente a dança que havia perdido lugar para os Scherzo, empregando nele toda a graça, remetendo aos célebres Minuetos de Haydn e Mozart que décadas antes embalavam Viena.

VI. Andante molto — Allegro — Andante molto — Allegro molto (Muito confortavelmente — Rápido — Muito confortavelmente — Muito rápido) — cerca de 10 minutos
O finale surpreende por sua dramaticidade.É o mais Romântico dos 6 movimentos. E também o mais robusto: se todos os movimentos anteriores eram pura música de câmara, este é mais encorpado, soa como trecho de uma Sinfonia — é mais sinfônico. Um movimento que conclui com exuberância e força uma peça longa (para os padrões de música de câmara da época) e que soa avançado, talvez um tributo ao ídolo Beethoven, não o do Septeto que a encomenda queria encontrar, mas o autor maduro e denso que os ouvidos daqueles dias ainda estavam buscando compreender.

© RAFAEL FONSECA

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por favor, ao postar seu comentário, não deixe de incliur seu endereço eletrônico, para que possamos manter contato! (R. F.)