Compositor: Wolfgang Amadeus Mozart
Número de catálogo: K. 550
Data da composição: durante o verão, completada a 25 de julho de 1788
Estréia: [não se sabe ao certo]
Duração: cerca de 35 minutos
Efetivo: 1 flauta, 2 oboés, 2 clarinetas, 2 fagotes, 2 trompas, e as cordas (primeiros- e segundos-violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)
I. Molto allegro (Bastante rápido) — cerca de 9 minutos
II. Andante (Confortavelmente) — cerca de 8 minutos
III. Menuetto: Allegretto (Passo miúdo: Sem arrastar) — cerca de 5 minutos
IV. Finale: Allegro assai (Final: Rápido mesmo) — cerca de 9 minutos
Número de catálogo: K. 550
Data da composição: durante o verão, completada a 25 de julho de 1788
Estréia: [não se sabe ao certo]
Duração: cerca de 35 minutos
Efetivo: 1 flauta, 2 oboés, 2 clarinetas, 2 fagotes, 2 trompas, e as cordas (primeiros- e segundos-violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)
A Sinfonia de número 40 é a segunda no conjunto das últimas três Sinfonias do autor, terminada um mês após a anterior. A partitura dela é de instrumentação mais leve, sem trompetes nem tímpano. Impressiona o fato de que, num espaço de dois meses, Mozart concluiu, uma seguida da outra, suas três últimas Sinfonias, a 39, essa e a 41. Ou seja: se cada uma tem 4 movimentos, totalizando 12 movimentos em 60 dias, o que dá uma média de 5 dias para escrever cada movimento... um verdadeiro assombro!
I. Molto allegro (Bastante rápido) — cerca de 9 minutos
Sem introdução lenta, uma valsa febril — ainda que, sabemos, a valsa não tivesse nascido — se apresenta, de imediato. Um tema tão atrativo e tão genial que, ao lado do tema da Eine kleine, será um dos mais conhecidos e populares do compositor. O movimento apresenta inquietação, lirismo e sedução. Estão presentes, amalgamados, a elegância do Classicismo nos seus extertores e o patos do Romantismo ainda por surgir. As perguntas que surgem nos sopros são vigorosamente respondidas pelas cordas. Há um sentimento de urgência nesse diálogo, mas o véu da estética classicista modera os ânimos, combinando uma força que quer escapar e fazer crescer vertiginosa a música enquanto um sentimento de comedimento segura os acordes e os mantém dentro da fronteira da beleza harmônica. Um verdadeiro embate, magistral, entre o desejo sublime de ir adiante e a consciência de que é preciso enquadrar-se (um modus operandi que o compositor, curiosamente, não consegui aplicar à própria vida!).
II. Andante (Confortavelmente) — cerca de 8 minutos
É como se aquela valsa sôfrega encontrasse conforto na resignação. Uma frase de contida beleza, na qual as cordas fluem lentamente seu curso enquanto os sopros, delicadamente, sugerem um caminho mais questionador, ao que as cordas acabam cedendo no decorrer do movimento. O resultado é de uma beleza lancinante, e sugere um acúmulo de energia que deverá ser resolvido nos movimentos posteriores.
III. Menuetto: Allegretto (Passo miúdo: Sem arrastar) — cerca de 5 minutos
E será aqui que a tensão criada no Andante resolve-se. Quase selvagem — guardadas as proporções da estética da época — para um minueto, prenuncia o esgotamento dessa fórmula: não será por acaso que Beethoven, uma década e meia mais tarde abandonará os minuetos em Sinfonias, em favor dos ásperos e contundentes Scherzos. A parte central é gentil, conciliadora, como se fosse a âncora que coloca o movimento em seu tempo. Mas o retorno do impositivo andamento inicial não deixa dúvidas de que esse é um minueto que não cabe em si, querendo transformar-se em outra coisa.
IV. Finale: Allegro assai (Final: Rápido mesmo) — cerca de 9 minutos
Estamos de volta à transmutação do tema com que Mozart abre a obra, mas aqui ele se dilui numa vertiginosa espiral, como se aquela agradável e melancólica melodia do primeiro movimento buscasse e si mesma e não pudesse mais se reconhecer. Um movimento de extraordinária força, incomum em finales de Sinfonias dessa época. As passagens de dúvida ainda lampejam (quase sempre nos sopros) e são arrastadas pelas contundentes respostas das cordas rumo a um caminho resoluto, que se não é cheio de certezas, ao menos é a aceitação altiva da incerteza. Não devemos deixar de notar que dali a meses, no ano seguinte, a Revolução Francesa começaria a virar a realidade social européia de pernas para o ar...
© RAFAEL FONSECA
Oi, conheci seu blog hoje e adorei. Já li alguns texto e gostei bastante, parabéns pelo trabalho!!! Eu ainda sou nova no mundo da música clássica então é sempre bom encontrar blogs como seu, algo tão raro em português, que explicam as obras do grandes mestres. Mais um vez parabéns pela iniciativa.
ResponderExcluirMuito obrigado!
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