La Valse, Mouvement de valse viénoise
Compositor: Maurice Ravel
Número de catálogo: M 72
Data da composição: de dezembro de 1919 a março de 1920
Estréias: 3 de outubro de 1920, Viena, na Konzerthaus, Alfredo Casella e o autor, na versão para dois pianos;
Estréias: 12 de dezembro de 1920, Paris, Théâtre des Champs-Élysées, a Orchestre Lamoureux sob a regência de Camille Chevillard;
Estréias: 23 de maio de 1929, Opéra de Paris, a versão do balé dançada por Ida Rubinstein, regência de Gustave Cloëz
Duração: cerca de 12 minutos
Efetivo: violino solista; 3 flautas, 1 flauta-piccolo, 2 oboés, 1 corne-inglês, 2 clarinetas, 1 clarineta-baixo, 2 fagotes, 1 contra-fagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, 1 tuba, tímpano, bumbo, caixa-clara, pratos, triângulo, tamborim, tam-tam, reco-reco, glockenspiel, 2 harpas, as codas (primeiros- e segundos-violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)
Compositor: Maurice Ravel
Número de catálogo: M 72
Data da composição: de dezembro de 1919 a março de 1920
Estréias: 3 de outubro de 1920, Viena, na Konzerthaus, Alfredo Casella e o autor, na versão para dois pianos;
Estréias: 12 de dezembro de 1920, Paris, Théâtre des Champs-Élysées, a Orchestre Lamoureux sob a regência de Camille Chevillard;
Estréias: 23 de maio de 1929, Opéra de Paris, a versão do balé dançada por Ida Rubinstein, regência de Gustave Cloëz
Duração: cerca de 12 minutos
Efetivo: violino solista; 3 flautas, 1 flauta-piccolo, 2 oboés, 1 corne-inglês, 2 clarinetas, 1 clarineta-baixo, 2 fagotes, 1 contra-fagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, 1 tuba, tímpano, bumbo, caixa-clara, pratos, triângulo, tamborim, tam-tam, reco-reco, glockenspiel, 2 harpas, as codas (primeiros- e segundos-violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)
— "Não é nada sutil o que estou empreendendo no momento; trata-se de uma grande valsa, uma espécie de homenagem a Strauss, não Richard, o outro, Johann. O senhor sabe como é grande a minha simpatia por esses ritmos admiráveis, e que considero a alegria de viver expressada pela dança mais profunda do que o puritanismo franckista". Neste trecho da carta que Ravel escreve ao amigo Jean Marnold em 1906 ele nos informa que a idéia de escrever "A Valsa" foi acalentada por mais de uma década (e ainda aproveita para dar uma porteada na caretice musical do colega César Franck).
O nome da peça, inicialmente, seria "Wien", uma referência à capital mundial das valsas, Viena. Não realizou o projeto até que em 1919 o promotor dos Balés Russos em Paris, Serge Diaghilev, lhe faz a segunda encomenda depois de "Daphnis et Chloé", com turbulenta relação dois dois nos ensaios da peça. Ravel finamente prepara o "Poema Coreográfico" que seria solado pela bailarina Misia Sert, mas as relações entre ele e Diaghilev azedaram novamente e a estréia de 1920 foi cancelada — Daí aparecer primeiro em versão para dois pianos em Viena, e no fim do ano a primeira apresentação como peça de concerto em Paris. O público só veio a conhecer a conhecer a obra dançada 9 anos depois, por esforços da bailarina Ida Rubinstein, que pediu a Bronislava Nijinka (irmã caçula de Nijinsky) para preparar a coreografia.
Ao homenagear a Viena das Valsas e seu principal nome, Johann Strauss, Ravel acaba por fazer um retrato preciso e agudo de seu tempo. A trilha-sonora que embalava os bailes de Sissi e Francisco José não era mais possível. Um mundo estava sendo sepultado, enquanto a realidade tecnológica, cerebral e movimentada do século XX se impunha. Ravel escreve a "Última Valsa" — e este bem que poderia ser o título da obra — no sentido de que toda a tradição vienense do gênero encontra fim justamente nessa época, e "La Valse" mostra isso. Mostra que o modus-vivendi da Belle Époque não tinha mais lugar.
— "Nuvens em turbilhões deixam entrever, em frestas de luz, casais que valsam. Elas se dissipam pouco a pouco; pode-se então distinguir um salão imenso povoado por uma multidão que gira. O palco ilumina-se progressivamente. A luz de lustres explode no teto e temos uma corte imperial por volta de 1855". Essa é a descrição do próprio Ravel, no alto da partitura, provavelmente para ser usada na concepção dos cenários — não esqueçamos que é obra para os palcos de balé — mas muito bem demonstra o caráter da própria música. A Valsa de Ravel é inquieta, entrecortada, fragmentada, adequa-se à realidade musical de seus dias sem deixar de ser valsa. É violenta — estamos no entre-Guerras — e febril, mágica e poética. É como a rosa posta sobre a sepultura de Francisco José enquanto o último Habsburgo, Carlos I, apeado do trono imperial dois anos antes dela estrear se refugiava em Portugal, pondo um fim a um mundo que não era mais possível.
O nome da peça, inicialmente, seria "Wien", uma referência à capital mundial das valsas, Viena. Não realizou o projeto até que em 1919 o promotor dos Balés Russos em Paris, Serge Diaghilev, lhe faz a segunda encomenda depois de "Daphnis et Chloé", com turbulenta relação dois dois nos ensaios da peça. Ravel finamente prepara o "Poema Coreográfico" que seria solado pela bailarina Misia Sert, mas as relações entre ele e Diaghilev azedaram novamente e a estréia de 1920 foi cancelada — Daí aparecer primeiro em versão para dois pianos em Viena, e no fim do ano a primeira apresentação como peça de concerto em Paris. O público só veio a conhecer a conhecer a obra dançada 9 anos depois, por esforços da bailarina Ida Rubinstein, que pediu a Bronislava Nijinka (irmã caçula de Nijinsky) para preparar a coreografia.
Ao homenagear a Viena das Valsas e seu principal nome, Johann Strauss, Ravel acaba por fazer um retrato preciso e agudo de seu tempo. A trilha-sonora que embalava os bailes de Sissi e Francisco José não era mais possível. Um mundo estava sendo sepultado, enquanto a realidade tecnológica, cerebral e movimentada do século XX se impunha. Ravel escreve a "Última Valsa" — e este bem que poderia ser o título da obra — no sentido de que toda a tradição vienense do gênero encontra fim justamente nessa época, e "La Valse" mostra isso. Mostra que o modus-vivendi da Belle Époque não tinha mais lugar.
— "Nuvens em turbilhões deixam entrever, em frestas de luz, casais que valsam. Elas se dissipam pouco a pouco; pode-se então distinguir um salão imenso povoado por uma multidão que gira. O palco ilumina-se progressivamente. A luz de lustres explode no teto e temos uma corte imperial por volta de 1855". Essa é a descrição do próprio Ravel, no alto da partitura, provavelmente para ser usada na concepção dos cenários — não esqueçamos que é obra para os palcos de balé — mas muito bem demonstra o caráter da própria música. A Valsa de Ravel é inquieta, entrecortada, fragmentada, adequa-se à realidade musical de seus dias sem deixar de ser valsa. É violenta — estamos no entre-Guerras — e febril, mágica e poética. É como a rosa posta sobre a sepultura de Francisco José enquanto o último Habsburgo, Carlos I, apeado do trono imperial dois anos antes dela estrear se refugiava em Portugal, pondo um fim a um mundo que não era mais possível.
© RAFAEL FONSECA
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