(1901) RACHMANINOV Concerto para piano n. 2

Compositor: Sergei Rachmaninov
Número de catálogo: Opus 18
Data da composição: de 1900 a abril de 1901
Estréia: 9 de novembro de 1901, em Moscou, o autor ao piano, a antiga Sociedade Filarmônica sob regência de Alexander Siloti

Duração: cerca de 34 minutos
Efetivo: piano solista; 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetas, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, 1 tuba, tímpano e as cordas (primeiros- e segundos-violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)

Poucas são as obras que podem ostentar tamanha popularidade por suas melodias. O cinema de Hollywood abusou de trechos dessa música, sendo a mais memorável ocasião a cena em que Tom Ewell tenta conquistar a vizinha gostosona Marylin Monroe com um disco do "velho e bom Rachmaninov" em "O Pecado mora ao lado", de 1955. Já a sublime melodia do finale foi utilizada em 1945 para produzir uma açucarada canção cafona que seria sucesso na voz de Frank Sinatra, "Full Moon and Empty Arms".

Tudo começa em 1897, quando Glazunov sobe ao pódio bêbado para reger a estréia da Primeira Sinfonia de Rachmaninov, promovendo um desastre irremediável. A crítica, liderada pelo boquirroto Cesar Cui, integrante do Grupo dos Cinco, é implacável e o compositor vê-se sem saída, desistindo de compor. Com a proibição da Igreja Ortodoxa de seu casamento com sua prima Natália, ele entra em depressão; seu único canal de comunicação estabelece-se com Levko, seu cachorro. O século XIX vai fechar suas portas deixando Rachmaninov em decadência e ruína.

Até que em janeiro de 1900 ele procura tratamento com o dr. Nikolai Dahl, que lhe aplica sessões diárias de psicoterapia, aliadas à hipnose. Insistentemente o dr. Dahl repete ao paciente que ele irá sair da crise, voltará a compor, e escreverá uma obra genial. E assim foi feito. O Concerto número 2 fica pronto em abril de 1901 e é apresentado pela primeira vez em novembro do mesmo ano. O sucesso da obra é absoluto e ele figura hoje com um dos mais belos de todo o repertório

São 3 movimentos, com cerca de 11 minutos cada: 

I. Moderato (Moderadamente)
II. Adagio sostenuto (Com calma e sustentado)
III. Allegro scherzando (Rápido e jogando)

Num momento no qual muitos compositores buscavam novos caminhos, as Sinfonias de Mahler propunham orquestras titânicas e idéias musicais prolixas, as inovações de Debussy e Ravel em Paris desenhavam uma nova estruturação musical, e vienenses como Schoenberg questionavam a harmonia, Rachmaninov optou por um tradicionalismo conservador do ponto-de-vista do poder de atração das melodias, assim como da estrutura da obra. Os temas desse Concerto tem sabor inequivocamente Românticos, lembram Tchaikowsky e dele descendem — quando outro russo, Stravinsky, iria chocar o mundo com a agressividade de sua "Sagração da Primavera" dali a uma década! — e há uma recusa consciente por experimentalismos. Rachmaninov queria conexão com o público, e conseguiu. 

© RAFAEL FONSECA

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