Orquestra do Galpão de Tecidos de Leipzig

Große Musicalische Concerte Orchester (1743)
Gewandhauskonzert-orchester (1781)
Gewandhaus- und Theaterorchester (1786)
Gewandhausorchester (desde 1884)

Fundação: 11 de março de 1743; 25 de novembro de 1781 (oficialmente)
Sede: Gewandhaus, Leipzig, Alemanha

Embora ela só tenha sido oficialmente criada em 1781, suas atividades remontam a 1743, quando um conjunto de músicos se reuniam nos salões mais nobres de Leipzig para realizar os Große Musicalische Concerte (Grandes Concertos Musicais). Esses concertos domésticos eram muito concorridos e logo foi preciso colocar a série musical num espaço mais adequado ao evento, o que foi feito alugando-se um grande salão na Estalagem "Zu den drei Schwanen" (Aos Três Cisnes), onde a sociedade local frequentou concertos por 3 décadas. A orquestra era, então, formada por 16 músicos, cerca de metade deles profissionais, e os outros eram estudantes da Universidade.

Em 1766 é aberto o Teatro de Comédia em Leipzig (Komödienhaus) e uma orquestra, tanto para os espetáculos teatrais como musicais, é contratada: a Leipziger Stadtmusiker (Músicos da Cidade de Leipzig). Mas logo esse conjunto precisou de reforços e os membros dos Große Musicalische Concerte eram contratados, cada vez com mais frequência, como reforço. 

Em 1781 os Große Musicalische Concerte, cada vez mais concorridos, passam a acontecer no segundo andar de um grande galpão, onde se armazenavam os produtos têxteis produzidos na cidade, o Gewand-Haus (literalmente, Casa dos Tecidos). O nome da série muda para Gewandhauskonzert e a orquestra agora conta com 32 membros, quase todos funcionários contratados do Teatro de Comédia e atuando nos dois lugares, e por isso a orquestra passa a se chamar Gewandhaus- und Theaterorchester (Orquestra do Teatro e da "Casa dos Tecidos") em 1786.

Em 1789 Leipzig recebe a visita de Mozart, que dá um concerto com a já centenária orquestra. Em 1811 a orquestra participa da estréia do Concerto para piano n. 5 de Beethoven e na temporada de 1825/26 ela é a primeira orquestra a tocar as 9 Sinfonias do autor em conjunto. 

Em 1835 a cidade nomeia o compositor e regente Felix Mendelssohn como Gewandhauskapellmeister, cargo de diretor da orquestra, que em tradução seria Mestre-Capela (o mesmo que orquestra na Alemanha) da Casa de Tecidos. Com a orquestra sob sua batuta estrearam sua Sinfonia n. 3 "Escocesa", seu Concerto para violino (escrito para o spalla da orquestra, Ferdinand David), as duas primeiras Sinfonias de Schumann e a Sinfonia n. 9 de Schubert — chamada "a Grande", e à época estreada como Sétima — que se acreditava perdida e foi encontrada por Schumann numa biblioteca em Viena.

Fora as estreias das obras que Mendelssohn regeu, com a Gewandhaus foram ouvidas pela primeira vez o Concerto para piano de Schumann, com a esposa do autor ao piano e Fedinand Hiller na regência, o Prelúdio de "Os Mestres Cantores" com o próprio Wagner na batuta, e o Concerto para violino de Brahms regido pelo próprio tendo seu amigo Joseph Joachim — a quem a obra é dedicada — como solista.

A partir de 1840 a orquestra é incluída pela municipalidade na tarefa de executar a música sacra de Leipzig, a cargo do Thomanerchor (Coro da Igreja de São Tomás), e até hoje as cerimônias e concertos do coro, tanto na São Tomás como na São Nicolau, as principais igrejas da cidade, são acompanhadas por membros do conjunto A esta altura a orquestra já conta com 58 músicos.

Em 1868 o número de integrantes aumenta para 72, e o segundo andar do antigo galpão de tecidos já não é suficiente para o público que ali frequenta. Em 1884 é inaugurada a Neues Gewandhaus (Nova Gewandhaus) e a palavra "tecido" é agora apenas uma referência ao passado; o nome deixa de carregar o "teatro" (que terá sua própria orquestra) e passa a ser apenas Gewandhausorchester; o espaço é, agora, uma apropriada, moderna e confortável sala de concertos. Além de Brahms, já citado acima, Grieg, Tchaikowsky e Richard Strauss lá estiveram para reger suas obras. Bruckner deu um recital de órgão, no poderoso instrumento lá instalado.

Na virada do século XIX para o XX o diretor é o lendário Arthur Nikish (de 1895 a 1922) e os nomes que o seguiram são espetaculares: Wilhelm Furtwängler (1922 a 1928), Bruno Walter (1929 a 1933), Hermann Abendroth (1934 a 1945), dentre outros.

A humanidade passa por uma de suas págnas mais tristes; a sala Gewandhaus é destruída nos bombardeios de 1945. A antiga cidade-mercado livre do Reino da Saxônia fica, depois da Guerra, do lado soviético. Terá de esperar até 1960 para ter de volta uma Casa de Ópera, e mais duas décadas para que a Nova Gewandhaus (Neues Gewandhaus, como em 1884) seja inaugurada, graças aos esforços do então diretor, maestro Kurt Masur, em 1981: agora uma moderníssima sala semelhante em formato à famosa Philharmonie de Berlim, símbolo maior da experiência capitalista da outra metade da Alemanha.

Sua trajetória a coloca como a mais antiga orquestra civil do mundo, formada por iniciativa dos cidadãos, e não um conjunto oficial de um reino ou estado. A orquestra chegou ao século XXI dirigida por Herbert Blomstedt, com 185 integrantes. Desde 2005 o diretor e regente — ou melhor, Gewandhauskapellmeister — é o italiano Riccardo Chailly. A orquestra figura como uma das melhores do globo, com sonoridade perfeita, precisão impecável e colorido orquestral brilhante, com poderosos metais e sutis madeiras, além de cordas sofisticadas e envolventes. 

© RAFAEL FONSECA

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