(1889) DVOŘÁK Sinfonia n. 8

Compositor: Antonín Dvořák
Número de catálogo: Opus 88 / B 163
Data da composição: 26 de agosto a 8 de novembro de 1889
Estréia: Praga, 2 de fevereiro de 1890 — regência do autor

Duração: cerca de 36 minutos
Efetivo: 1 flauta-piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 1 corne-inglês, 2 clarinetas, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, 1 tuba, tímpano e as cordas (primeiros- e segundos-violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)

Quando Dvořák escreveu essa Oitava (que na época saiu como Quarta, visto que as quatro primeiras só foram publicadas tardiamente), ele já havia imposto as melodias folclóricas tchecas e negado um germanismo que politicamente lhe era imposto na Quinta e na Sexta, já tinha sido cosmopolita e formal na Sétima, e ainda seria melacolicamente saudoso de casa na Nona, a "do Novo Mundo", escrita nos Estados Unidos. Então com isso podemos dizer que a Oitava surge num contexto mais relaxado, maduro, sem pressões. Se há um pouco de Brahms na frase inicial dos violoncelos, é só; a influência do colega germânico já havia sido absorvida e transformada em parte de seu próprio idioma musical.

I. Allegro con brio (Rápido e com brio) — cerca de 10 minutos
O movimento abre com uma frase evocativa nos violoncelos. Logo a flauta parece imitar um pássaro. A música acelera e melodias típicas do compositor, em danças ágeis, alegres, aparecem em sequência, trazendo um frescor robusto, lembrando a Bohemia e sua paisagem. Todo o movimento é de grande beleza. 
   
II. Adagio (Com calma) — cerca de 10 minutos
O movimento lento é, ao mesmo tempo, gracioso e meditativo. Lembra, em certos episódios, música religiosa, e em outros, música infantil, um contraste nada fácil de administrar, mas que aqui está amalgamado com perfeição. 
  
III. Allegretto grazioso — Molto Vivace (Quase rápido e com graça — Muito vivo) — cerca de 7 minutos
Um dos momentos mais inspirados da obra, de luminosidade intensa. Faz as vezes do Scherzo, mas mais parece uma valsa rápida e alegre. Certas passagens são deliciosamente parecidas com Schubert. Ou, talvez, a inspiração aqui seja também Tchaikowsky, que estivera em Praga um ano antes, ficando muito amigo de Dvořák.
  
IV. Allegro ma non troppo (Rápido mas não tanto) — cerca de 9 minutos
Um chamado de trompete, como se ecoasse num campo militar. Logo uma melodia encorpada — semelhante ao tema que abriu a Sinfonia — é entoada solenemente pelos violoncelos. Dali, os outros instrumentos vem colaborar em algumas variações sobre ela. Na entrada dos metais, um espasmo de grande excitação. Na entrada da flauta, um rocambolear pastoril. Um segundo momento trará uma marcha meio Beethoven, que logo se torna meio Brahms e depois se integra no jogo das variações do primeiro tema. A riqueza da escrita é enorme, e o movimento, no todo, exala humor e vivacidade. As últimas variações são calmas, até a orquestra explodir novamente na excitação dos metais, que encaminham a peça vertiginosamente ao acorde final. 

© RAFAEL FONSECA

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