(1806) BEETHOVEN Concerto para violino

Compositor: Ludwig van Beethoven
Número de catálogo: Opus 61
Data da composição: 1806
Estréia: 23 de dezembro de 1806 em Viena, Theater an der Wien — Franz Joseph Clement no violino

Duração: cerca de 40 minutos
Efetivo: violino solo; 1 flauta, 2 oboés, 2 clarinetas, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpano e as cordas (primeiros- e segundos-violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)

Dedicado ao violinista Franz Clement, que apoiou Beethoven durante o difícil processo de composição de sua única ópera "Fidelio", esta obra quando estreou suscitou muito espanto e críticas negativas por parte de alguns especialistas. Não poderia ser diferente: este é distante cerca de 3 décadas dos Concertos de Mozart e Haydn, e tanto já havia mudado na músca. Mudanças essas, aliás, provocadas pelo próprio Beethoven. Lembrando que, ao escrever este Concerto, Beethoven já havia revolucionado a história da Sinfonia e da música com sua "Heróica"; já tinha ultrapassado toda e qualquer Sonata para piano com sua "Waldstein" e já havia criado uma inovadora linguagem própria de Concertos com o seu n. 4 para piano. Ou seja, quando chegamos a 1806 e sabemos que este vulcânico compositor preparava um Concerto para violino, algo de muito novo e surpreendente estava por vir.

I. Allegro ma non troppo (Rápido mas nem tanto) — cerca de 25 minutos
A primeira surpresa, um choque para o ouvinte da época, fosse essa música o que fosse: a primeira coisa que se ouve são 5 batidas no tímpano, não muito altas, mas firmes o suficiente para impor uma atmosfera definitiva. Agora, começar assim um Concerto? Mais estranho ainda. Mas muito ainda estava por vir. Primeiro, perceber que esse toque de 5 batidas é a afirmação presente em todo o movimento — e com isso, a extraordinária capacidade de Beethoven de extrair música de pouquíssimo ou nenhum material melódico — que dura quase meia hora! Nenhum outro movimento musical fora tão longo, em toda a história da música até aqui. Passada a introdução, que soa exótica com os comentários emitidos pelos sopros, de maneira totalmente inusual, e os ataques contundentes de toda a orquestra, seguidos de uma bela frase sinfônica que já deixaria o ouvinte se perguntando "onde entra o solista?", e entra o violino solista em escalas para depois repetir aqueles comentários dos sopros, tendo o tímpano ao fundo, insistindo no toque de 5 batidas. Hoje nós achamos esse Concerto maravilhoso, mas isso tudo era muito estranho para a estética da época. E os que esperavam um violino cavando seu espaço — como nos Concertos do Classicismo, insistindo em propor idéias, contestando a orquestra —, aqui só terá um participante resoluto de seu papel solista "ma non troppo", já que o violino está inserido num poderoso tecido sinfônico, comentando, reforçando e complementando o discurso da orquestra, mas jamais se opondo frontalmente a ela.
   
II. Larghetto (Sem arrastar) — cerca de 10 minutos
Um movimento de total serenidade, uma frase lírica e poética de imensa beleza. Tudo transcorre tão calmamente, como poucas vezes se pode ouvir em Beethoven, até que perto do final, dois acordes majestosos avisam da transição que desembocará no vertiginoso finale:
   
III. Rondò: Allegro (Em ciclo: Rápido) — cerca de 9 minutos
A conclusão é calcada numa melodia de sabor popular, de viva paixão pela vida, como só em Beethoven podemos encontrar. Reside aqui as maiores dificuldades técnicas para o solista, que até agora foi bastante exigido, mas não como aqui, e que terá finalmente seu momento de brilhar destacando-se um pouco da orquestra, "à moda antiga" como se poderia dizer. Um finale retumbante.

© RAFAEL FONSECA

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