(1891) BRAHMS Quinteto com clarineta

Compositor: Johannes Brahms
Número de catálogo: Opus 115
Data da composição: julho e agosto de 1891
Estréia: Meiningen, 24 de novembro de 1891 (audição doméstica); Berlim, Singakademie, 12 de dezembro de 1891 (estréia ao público) — ambas com o clarinetista Richard Mühlfeld e o Joachim-Quartett liderado pelo violinista Joseph Joachim

Duração: cerca de 37 minutos
Efetivo: clarineta e quarteto de cordas (2 violinos, viola, violoncelo)

Não existem muitos Quintetos com clarineta, e Brahms certamente pensava naquele escrito por Mozart, o primeiro a aparecer, quando quis homenagear Richard Mühlfeld, excelente clarinetista da Orquestra de Meiningen, a quem dedicou esta obra e um Trio, ambos escritos na estação de águas austríaca Bad Ischl no verão de 1891. Seu interesse pela sonoridade outonal do instrumento traria, ainda, à luz duas Sonatas de clarineta e piano.

São 4 movimentos:

I. Allegro (Rápido) — cerca de 13 minutos
O Quarteto de cordas faz uma frase introdutória, que será repetida e desenvolvida pela clarineta,  e  a seguir o diálogo entre a clarineta e seus pares de cordas se dão num momento de inspiração melódica que nos coloca diante da grandeza de Brahms e do ápice desse período do Romantismo. Clara Schumann, grande amiga e ex-paixão do compositor, escreveu ao ouvir o Quinteto pela primeira vez: — "Que obra realmente maravilhosa! O choro da clarineta é tão comovente. Que música interessante, profunda, tão plena de significados!". É de se notar que Brahms explora a clarineta em sua paleta de cores, e nas possibilidades dramáticas de seu canto, como se ela falasse e expressasse emoções humanas das mais sentidas.

II. Adagio (Com calma) — cerca de 11 minutos
Uma melancólica canção de amor, declamativa, é introduzida pela clarineta. O violino repete a bela frase, e o jogo entre os instrumentistas se mantém, sempre, bastante equilibrado, ainda que a clarineta seja aqui a ilustre presença. No meio do movimento, estabelece-se uma atmosfera meio oriental, com uma frase que remete à música árabe. E depois um episódio com clima de excitação, muito contrastante ao início do movimento, que foi tão sensível. Todo esse Adágio é inspiradíssimo.

III. Andantino (Passo de caminhada um pouco mais ágil) — cerca de 5 minutos
Começa de maneira bem tranquila, para depois evoluir a uma certa agitação, lembrando um Scherzo. No meio do movimento, um diálogo entre clarineta e primeiro-violino se dá, sugerindo uma conversa. Ecos de uma dança folclórica da Hungria são ouvidos.

IV. Con moto (Com movimento) — cerca de 9 minutos
O finale é formatado exatamente como o finale do Quinteto com clarineta de Mozart: um tema e cinco variações. Uma referência que obviamente homenageia o mestre de Salzburg. O movimento é magistralmente construído, com um senso de equilíbrio na construção das idéias que remete outra vez e não só a Mozart, mas também a Haydn. De alguma maneira fica a impressão de uma Passacalha (do espanhol "passa calle", caminhar na rua, ir experimentando diferentes paisagens), recurso que ele empregou magnificamente no finale de sua Quarta Sinfonia (de 1885).

© RAFAEL FONSECA

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por favor, ao postar seu comentário, não deixe de incliur seu endereço eletrônico, para que possamos manter contato! (R. F.)