(1889) R. STRAUSS Poema Sinfônico "Morte e Transfiguração"

Tod und Verklärung

Compositor: Richard Strauss
Número de catálogo: Opus 24 / TrV 158
Data da composição: 1888/1889
Estréia: 21 de junho de 1890 em Eisenach — Stadttheater Orchester des Tonkünstlerfest (Orquestra do Festival de Música do Teatro Estadual), regência do autor

Duração: cerca de 23 minutos
Efetivo: 3 Flautas, 2 Oboés, 1 Corne-inglês, 2 Clarinetas, 1 Clarineta-baixo, 2 Fagotes, 1 Contra-fagote, 4 Trompas, 3 Trompetes, 3 Trombones, 1 Tubas, Tímpanos, Tam-tam (gongo chinês), 2 Harpas, e Cordas (primeiros-violinos, segundos-violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)

Strauss tinha 24 anos, e nos faz pensar porque um compositor nesta idade estaria direcionando sua libido criativa a uma peça que trata da "Morte de um Artista". Por muitos anos se acreditou que a obra fora motivada por episódio pesssoal, um problema pulmonar grave que assustaria o jovem compositor, mas isso é um engano, pois a doença veio em 1891, um ano depois da obra estreada. Ele quis descrever a morte sem razão especial, ou talvez por já ter tratado do tema secundariamente em Macbeth e Don Juan, Poemas Sinfônicos anteriores.

A peça se divide em 4 partes, tocadas ininterruptamente:

I. Largo (Bem lento) — cerca de 5 minutos

Doente, perto da morte, está o artista. A atmosfera contristada imposta pelas cordas graves revela a debilidade do corpo físico e logo depois a flauta, acompanhada pela harpa, traz com doçura as reminiscências da infância.

II. Allegro molto agitato (Rápido com agitação) — cerca de 3 minutos

Um golpe de tímpano interrompe a calma resignada para nos confrontar à Morte e ao combate no qual o artista se obriga. 

III. Meno mosso (Menos movimentado) — cerca de 10 minutos

Lembranças. É a vida que passa como um filme, começando pela doce frase da flauta, que retorna tal como já foi apresentada anteriormente. Ares jocosos para as memórias da adolescência. A maturidade revelada pela energia viril de acentuações vindas dos metais, e à frente os impulsos do Amor em caudalosas passagens em ascendência por toda a orquestra. A Morte, mais e mais, reivindica seu espaço e avança com crescendos orquestrais cada vez mais poderosos. 

IV. Moderato (Moderadamente) — cerca de 6 minutos

A Transfiguração. Rendido, o artista abandona a luta e a passagem se dá. Após o toque sombrio do gongo, que foi a culminância do movimento anterior, as trompas entoam o anúncio de uma nova atmosfera, levando consigo a orquestra, cujos instrumentos vão aderindo pouco a pouco, até que toda a orquestra chega ao clímax da obra, entregando a alma, agora livre de suas paixões mundanas, à eternidade, numa coda pacífica e envolta em luz. 

 

© RAFAEL FONSECA