(1861) BRAHMS Quarteto com piano n. 1

Compositor: Johannes Brahms
Número de catálogo: Opus 25
Data da composição: de 1856 a 1861
Estréia: 16 de novembro de 1861 — em Hamburgo, com Clara Schumann ao piano

Duração: cerca de 42 minutos
Efetivo: piano, violino, viola e violoncelo

Se pode dizer que este é um Quarteto de Clara Schumann. Não no sentido da autoria da composição, mas da posse espiritual da música, dela que foi a primeira pessoa a tocá-lo. Os primeiros rascunhos datam de 1856, ano que — devemos lembrar — Schumann morria deixando à frente do jovem Brahms (um iniciante ainda desconhecido) o vazio da perda do mestre e a possibilidade de realizar o amor platônico por sua musa. Clara nunca quis se casar com Brahms, mas ele foi de imensa importância no período da doença e logo após a morte de Schumann, ajudando a cuidar das crianças e da casa enquanto ela retomava sua carreira de virtuose. 

Interessante perceber que, num momento em que compositores tentavam quebrar paradigmas e encontrar novos rumos à música, como Liszt e Wagner vinham fazendo, lançando uma nova corrente estética, Brahms opta conscientemente por manter-se fiel às formas tradicionais.

São 4 movimentos:

I. Allegro (Rápido)
II. Intermezzo: Allegro, ma non troppo (Interlúdio: Rápido, mas não tanto)
III. Andante con moto (Passo de caminhada, com movimento)
IV. Rondò alla Zingarese: Presto (Cíclico à moda cigana: Correndo)

O primeiro movimento promove uma ebulição, mas não chega a promover o confronto entre os instrumentos e suas idéias musicais; há uma atmosfera de inquietação na qual todos contribuem. O segundo movimento é de beleza típica em Brahms, um tema evocativo e ao mesmo algo rude. O terceiro movimento é uma página de grandiosidade quase sinfônica. O finale é super vigoroso e engenhosamente articulado, e traz como contra-tema um lamento valsante nas cordas de rasgada beleza.

Mas a verdade é que nem sempre o público recebeu bem esse trabalho, que é, de certa forma, bem hermético. Arnold Schoenberg criou uma versão orquestral, e foi contestado da razão de ter escolhido um trabalho "menor" de Brahms para re-criar e respondeu: — "Em primeiro lugar, eu gosto da obra; em segundo, poucas vezes é tocada; e em terceiro, quando tocam, tocam mal, quanto melhor o pianista, mais alto ele toca e nada se ouve nas cordas... Eu queria ouvir tudo!".

© RAFAEL FONSECA