(1844) CHOPIN Sonata n. 3

Compositor: Fryderyk Chopin
Número de catálogo: Opus 58 / CT 203
Data da composição: 1844
Estréia: [provavelmente em audição privada, no ambiente doméstico]

Duração: de 25 a 30 minutos
Efetivo: piano

Passaram 5 anos desde que Chopin havia escrito sua última Sonata, a Segunda, em 1839. Ele, o miniaturista por excelência, utilizaria uma viagem à propriedade de Nohant-Vic, de sua companheira Amantine Aurore (ou Georges Sand), para voltar às grandes formas e escrever esta Sonata durante o verão de 1844, que será a sua penúltima, pois a derradeira virá em 1846, a Sonata para violoncelo e piano. Com reação à estrutura, ela deve a Beethoven na dramaticidade e no esquema de 4 movimentos e a Mozart, compositor que fora tão caro a Chopin na juventude, a graça e elegância dos temas.
  
I. Allegro maestoso
(Rápido e majestoso) — cerca de 12 minutos
Chopin abre a frase de maneira poderosa, triunfante. Os temas que serão apresentados, e que são explorados em todas as suas nuances, são de um lirismo inexcedível. E o tratamento dado às variações dos temas beneficiam-se da maestria do compositor de Baladas, Mazurkas e Polonaises, numa técnica que explora não só a potencialidades das frases musicais, mas também os recursos do próprio teclado com seus possíveis efeitos.

II. Scherzo: Molto vivace
(Irônico: Muita vivacidade) — cerca de 2 minutos
Somente a alma do miniaturista permitiria-se um Scherzo tão curto, que não chega a 3 minutos! Mas aqui entra em cena sua capacidade de condensar as idéias musicais — no caso, um luminoso e delicado passeio pelo teclado, exigindo grande habilidade do intérprete. O tema central, mais lento, remete às Valsas do próprio compositor, e depois o retorno ao tema inicial.

III. Largo
(Bem lento) — cerca de 8 minutos
Apesar da introdução empertigada, de fortes acordes, o terceiro movimento é de doce poesia. Como alguém que recorda um tempo que passou, e confronta uma certa ansiedade. Esse movimento é, na verdade, um Noturno — e bem poderia estar, destacado, entre eles. A melodia principal é poderosa e melancólica.

IV. Finale: Presto ma non tanto — Agitato
(Final: Correndo mas não tanto — Agitado) — cerca de 5 minutos
Mais uma vez, uma introdução poderosa, de acordes grandiosos, dessa vez com ímpeto ainda maior que no início da peça. O tema jubiloso apresentado a seguir é arrebatador, e ele será o fio-condutor nesse movimento todo em Presto, à maneira de uma Balada, com episódios de atmosferas diferentes mas sempre na agitação — aliás, pedida na partitura — que parece crescer e crescer, até a conclusão quase abrupta.

© RAFAEL FONSECA