(1805) BEETHOVEN Abertura "Leonore" n. 2

Compositor: Ludwig van Beethoven
Número de catálogo: Opus 72-a
Data da composição: 1805
Estréia: 20 de novembro de 1805, no Theater an der Wien, Viena - regência de Ignaz von Seyfried
     
Duração: cerca de 13 minutos
Efetivo: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetas, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpano e codas (primeiros-violinos, segundos-violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)

Beethoven trabalhava com afinco naquela que seria sua única ópera, "Fidelio", a história do amor incondicional de Leonore, personagem-título, por seu marido Florestan, um preso político. A ópera nunca foi um grande sucesso durante a vida do compositor, que nunca se adequou ao estilo frívolo da ópera italiana que à época atraía o público vienense. A obra teve várias versões, e hoje temos 4 aberturas, compostas para diferentes montagens: esta "Leonore" n. 2 foi a abertura utilizada na fracassada estréia de 1805; "Leonore" n. 3 foi a abertura da segunda versão em 1806; "Leonore" n. 1 foi descoberta a pós a morte do compositor e escrita em 1807 para uma planejada apresentação em Praga, que nunca aconteceu; e finalmente a Abertura "Fidelio", nome com o qual Beethoven apresentou a ópera em sua forma definitiva em 1814.

Há muito em comum entre esta "Leonore" n. 2 e sua "irmã" de n. 3 (que é muito mais freqüente no repertório), mas esta é mais prolixa, enquanto que a n. 3 ficou com as idéias dramáticas melhor organizadas e embora tenha a mesma duração média, dá a impressão de ser mais concisa.

Andante con moto — Allegro con brio — Adagio, ma non troppo
(Passo de caminhada, com movimento — Rápido com brio — Confortavelmente lento, mas nem tanto)
A introdução lenta nos coloca na atmosfera de apreensão de Leonore, que apresenta-se na prisão disfarçada de homem com o nome de Fidelio. A parte central, rápida, trata das emoções da descoberta de Florestan na masmorra e os planos para libertá-lo da tirania de seu algoz, o diretor da prisão, do re-encontro dos amantes e da esperança. A parte lenta final abre-se com o distante chamado de trompete, que anuncia a chegada do Governador, o que trará a solução do imbróglio e a liberdade de Florestan.

A impressão que se tem é que Beethoven queria evitar a tradicional colcha-de-retalhos das aberturas italianas, e quis criar algo dramaticamente mais denso e que realmente correspondesse à ação que se desenrola após a abertura (que termina com as cortinas se abrindo). Só que tentando fugir das futilidades, acabou por cair na prolixidade, com alguns temas repetindo-se desnecessariamente a passagens se prolongando desnecessariamente. Não por acaso que a "Leonore" n. 3 é muito mais tocada; mas, por outro lado, esta "Leonore" n. 2 constitui-se num desafio para os regentes, que tem de conferir a ela a gradeza que a música de Beethoven pede.
   
© RAFAEL FONSECA