(1795) BEETHOVEN Concerto para piano n. 1

Compositor: Ludwig van Beethoven
Número de catálogo: Opus 15
Data da composição: 1795; revisões em 1798 e 1800
Estréia: 18 de dezembro de 1795 - Viena, Áustria - o próprio autor ao piano

Duração: de 35 a 39 minutos
Efetivo: 1 piano solista; 1 flauta, 2 oboés, 2 clarinetas, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpanos e as cordas (primeiros-violinos, segundos-violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)

Este é, na verdade, o segundo concerto para piano escrito por Beethoven, mas a numeração ficou alterada por conta da publicação, na qual este ficou como Opus 15 e o antecessor como Opus 19 e listado como número 2.

Ainda trabalhando na estética de Mozart, cujos Concertos para piano eram o ápice da forma, Beethoven aqui dá mais liberdade a seus arroubos, ainda que há uma força que parece contê-lo. Tal força talvez tenha nome: Joseph Haydn, mestre com quem Beethoven tinha estudando até 1794 e que em 1795 voltava de Londres com suas últimas Sinfonias e organizava o concerto no qual Beethoven pôde estrear esta obra junto às tais Sinfonias londrinas do mestre.

I. Allegro con brio
(Rápido com brio) — de 14 a 17 minutos
A introdução orquestral já nos fornece a chave para a compreensão desta obra, um tema que se insinua gentil logo no início, já se mostra de modo mais contundente logo na repetição, com acordes fortes e impetuosos. A abertura é, toda ela, sinfônicamente imponente, buscando uma densidade que já prenuncia o Beethoven por vir nas obras maduras. O piano insere-se delicadamente, dialogando com a orquestra, tentando confrontar-lhe mas sem tentar exceder-lhe (tarefa que o piano vai tentar no Concerto seguinte, o Terceiro). Todo o diálogo que se dá entre solista e orquestra nos passa a dimensão do gênio de Beethoven ainda aprisionado numa forma na qual ele não cabia: é como se Mozart ou Haydn fossem os autores, mas estivessem tomados de um impulso arrebatador impróprio de suas personalidades.

II. Largo
(Bem lento) — cerca de 13 minutos
Uma bela página onde o piano domina, conduzindo a música por uma senda bastante intimista e evocativa. Assemelhado a uma ária, onde o piano "canta" agradavelmente a melodia, e na segunda parte há um dueto do piano com a clarineta de beleza singela e tocante.

III. Rondò: Allegro scherzando
(Rondò: Rápido brincando) — cerca de 9 minutos
O Rondò é de uma alegria solar. Os contrastes são abruptos e a orquestra parece desafiar o piano a todo momento, tentando fazê-lo extrapolar seus limites. O diálogo aqui é franco, direto, e este talvez seja o movimento no qual Beethoven foi mais sincero, no sentido de que ele deixa fluir seu temperamento algo rude e muito bem humorado sem muitas reservas.

© RAFAEL FONSECA