(1925) BERG Concerto de câmara para violino e piano

Kammerkonzert für Klavier und Geige mit dreizehn Bläsern
(Concerto de câmara para piano e violino acompanhado de 13 instrumentos de sopro)

Compositor: Alban Berg
Número de catálogo: não tem
Data da composição: 1923 a 23 de julho de 1925
Estréia: 27 de março de 1927 — Berlim, Eduard Steuermann (piano), Rudolf Kolisch (violino) e Hermann Scherchen (regência)

Duração: cerca de 36 minutos
Efetivo: piano solista, violino solista, 2 flautas, 1 oboé, 1 corne-inglês, 2 clarinetas, 1 clarienta-baixo, 1 fagote, 1 contra-fagote, 2 trompas, 1 trompete, 1 trombone.

A idéia inicial de Berg era homenagear seu mestre e amigo Arnold Schoenberg pelo seu aniversário de 50 anos. Mas Berg era, assim como o mestre, fanático por numerologia; então começou a estabelecer uma série de correlações entre o algarismo 3 e fez o Concerto segundo as tais coincidências. Primeiro, eram 3 homenagens envolvendo 3 amigos inseparáveis e grandes parceiros musicais: os 50 de Schoenberg, os 20 anos de amizade com ele e Webern, e seus próprios 40 anos de idade. O Concerto envolveria 3 tipos de instrumentos: o das cordas no violino solista, o teclado do piano e o conjunto de sopros. E 3 seriam os micro-temas, baseados cada um nas letras dos nomes deles: o primeiro sugere o nome de Schoenberg e é apresentado pelo piano; o segundo vem no violino e figura o nome de Webern; o terceiro é seu próprio nome na resposta dos 13 instrumentos de sopro.

E assim toda a composição gora em torno do 3, com outras relações matemáticas nos compassos, na disposição das notas, e nos acordes. Até a data de término da composição foi calculada: teria de cair no dia de seu aniversário, 9 de fevereiro de 1925. (Maluquices à parte, a composição ainda precisava ter concluída a orquestração, o que só foi terminada a 23 de julho).

I. Tema scherzoso con variazoni
(Tema brincalhão com variações)
Como já foi citado, o piano é o primeiro a enunciar um esquema de notas que remete ao nome de Schoenberg (pela notação adotada por ingleses e germânicos, as notas são letras, começando pelo Lá, A, até o Sol que é o G); depois o nome de Webern no violino, e a orquestra de sopros respnde com as notas do nome do próprio autor. Esse primeiro movimento dará mais espaço ao piano, que, não esqueçamos, entoa o tema do principal homenageado, e se dá segundo as premissas do sistema criado por Schoenberg, o dodecafonismo.

II. Adagio
(Lento)
O Segundo movimento dará mais espaço ao violino solista, que trará seu tema tratado numa frase de grande poder lírico, mas sem perder a questão esquemática: é palíndromica, apresentando o tema espelhado, de modo reverso, na segunda metade do trecho.

III. Rondò ritmico con introduzione
(Rondò ritimado com introdução)
Na introdução, os dois solistas dialogam. No desenvolvimento dessa página brilhante, cada componente apresenta novamente seus temas, num sistema cerebral que cria novas temáticas.

© RAFAEL FONSECA