(1924) RAVEL "Tzigane"

Rapsodie de concert "Tzigane" (Rapsódia de concerto "Cigana")
Morceau de virtuosité dans le goût d'une rhapsodie hongroise (Peça virtuosística ao gosto de uma Rapsodia húngara)

Compositor: Maurice Ravel
Número de catálogo: M 76
Data da composição: 1922-1924
Estréias: 26 de abril de 1924, Londres — Jelly d'Arányi no violino, acompanhado de Henri Gil-Marchex ao luthéal 
Estréias: 19 de outubro de 1924, Amsterdam — Samuel Dushkin no violino, acompanhado da Concertgebouworkest com regência de Pierre Monteux

Duração: cerca de 9 minutos
Efetivo: 1 flauti-piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetas, 2 fagotes, 2 trompas, 1 trompete, triângulo, crótalos, pratos, celesta, harpa e as cordas (primeiros- e segundos-violinos, violas, violoncelos, contra-baixos)

A obra foi encomenda da violinista húngara Jelly d'Arányi, sobrinha-neta do grande violinista Joseph Joachim. Ravel resolveu experimentar na composição um invento de 1919, o luthéal, peça que acoplada ao piano expandia-lhe as possibilidades, adicionando sonoridades, algumas semelhantes às do címbalo, o que poderia conferir o caráter cigano à música. Utilizado na estréia, o luthéal logo caiu em desuso e a peça hoje, quando apresentada em sua versão camerística, se executa com violino e piano.

Ravel logo quis apresentar a versão sinfônica, na qual o violino se faz acompanhar de orquestra.

A obra inicia-se por aquilo que parece um improviso cujas sonoridades nos remetem à culturas cigana — embora não haja nenhum tema ou nenhuma citação. A peça, com toques impressionistas, nos remete ao exotismo, explorando a sensualidade, e a busca por raízes folclóricas que fascinou essa geração de compositores (como também Bartók). Tecnicamente, as dificuldades impostas ao violinista são imensas, num exibicionismo do virtuose de fazer inveja a um Paganini. Essa "introdução" do violino-solo dura quase que metade da peça, e quando o acompanhamento se faz presente, é claro, límpido e contribui para que o solista brilhe ainda mais.

© RAFAEL FONSECA