(1910) FREITAS BRANCO "Paraísos Artificiais"

Paraísos Artificiais, poema sinfónico

Compositor: Luís de Freitas Branco
Número de catálogo: não tem
Data da composição: 1910
Estréia: 9 de março de 1913, Teatro da República (hoje Teatro Municipal "São Luís") em Lisboa — regência de Pedro Blanch

Escrito sob o impacto da música impressionista de Debussy, que o autor escutara em Berlim, este Poema Sinfônico baseia-se na auto-biografia de Thomas De Quincey, "Confissões de um Inglês Comedor de Ópio", obra de 1821, e do livro inspirado neste de Baudelaire, de 1860, "Les Paradis artificiels". Ambas as obras descrevem os sentimentos discrepantes do consumo da droga, do prazer ao abismo.

A peça estrutura-se em introdução, exposição do tema, desenvolvimento e re-exposição do tema, terminando abruptamente.

A introdução lenta já traz à cena as duas harpas em glissando, numa sonoridade tão característica do Impressionismo musical francês que inspirou o compositor. Após a exposição dos temas, o consecutivo desenvolvimento que culmina num crescendo que simboliza a alucinação. A repetição do material temático se dá em clima de dissolução, como símbolo da perda de consciência, e a obra termina de forma abrupta, desconcertante e nebulosa.

A platéia da estréia, pela referência ao ópio e pela sonoridade, escandalizou-se. Isso menos de 3 meses antes da "Sagração da Primavera" de Stravinsky provocar tumulto no Champs-Elysées em Paris.

© RAFAEL FONSECA