Festival de Páscoa em Salzburg

Osterfestspiele Salzburg

Cidade: Salzburg, Áustria
Primeira edição: 19 de março de 1967
Período: na semana de Páscoa, entre março e abril

Custo estimado: cerca de 4 milhões de Euros
Programação: 2 concertos sinfônicos, 1 concerto sinfônico-coral, 2 a 4 concertos de música de câmara e uma produção de ópera

O Festival de Páscoa em Salzburg foi criado por iniciativa do poderoso Herbert von Karajan em 1967, para expandir a participação de sua orquestra, a Filarmônica de Berlim, uma vez que o mais tradicional festival da cidade, no verão, estava fortemente vinculado à única orquestra rival à altura na época: a Filarmônica de Viena.

Karajan, nascido em Salzburg, poderia ainda ter o controle absoluto como o diretor artístico, ainda que fossem apenas alguns dias na Páscoa contra as 5 semanas do Festival de Verão. Mas nesse curto período, toda a atenção estaria voltada à Filarmônica de Berlim, único conjunto sinfônico a figurar no programa, e à sua própria figura, que agora teria um festival para chamar de seu, em sua cidade natal.

A primeira edição aconteceu de 19 a 27 de março de 1967, trouxe uma montagem da Valquíria de Wagner — cujo revival é a grande estrela da edição de 2017, 50 anos do Festival — além de um concerto com obras de Bach apresentando a Filarmônica em formato camerístico (Concertos de Brandemburgo ns. 1 e 3; Concerto para violino n. 2 e Suíte orquestral n. 2), da titânica Oitava Sinfonia de Bruckner e da impactante Missa Solene de Beethoven.

Karajan dirigiu o festival até sua morte, sendo sua última edição a de 1989. A partir daí o festival prosseguiu ligado à Filarmônica de Berlim, tendo em seus diretores os comandantes naturais do festival: Claudio Abbado e depois Simon Rattle. Depois da morte de Karajan em 1989, Georg Solti cumpriu o mandato-tampão até 1994 dando lugar a Abbado, que saiu da Orquestra em 2002. Rattle assume em 2003 e foi na sua gestão que estourou em 2010 um grande escândalo financeiro envolvendo a administração executiva, levando o maestro inglês a desligar a orquestra daquela equipe, e criando um novo Festival de Páscoa em Baden-Baden a partir de 2012.

Em 2011, num dos ensaios abertos que a orquestra sempre promove, Rattle anunciou a mudança ao público e foi duramente interpelado por assinantes e patronos — alguns fiéis desde a fundação — que se queixavam saber das dificuldades financeiras e dos desmandos depois que a saída da Berliner já era fato consumado, num constrangedor bate-boca na Grande Sala do Festival, com Rattle se limitando a sorrir amarelo postado diante da orquestra, uma vez que a saída já estava arranjada, o novo festival em Baden-Baden em fase de preparação.

Com equipe executiva renovada, o Festival de Páscoa de Salzburg encontrou na Orquestra Estatal de Dresden — a tradicionalíssima Staatskapelle — e em seu diretor Christian Thielemann o caminho para dar prosseguimento aos eventos. O primeiro Festival de Páscoa sem a Berliner aconteceu em 2013. A princípio a substituição de um conjunto estelar como a Filarmônica de Berllim pela Staatskapelle — a harpa mágica, como dizia Wagner quando lá esteve no século XIX — poderia causar um dano, ainda mais que a orquestra que saía iria promover um festival para concorrer diretamente, numa aprazível estação de águas da Alemanha. Mas o fato é que o Festival de Páscoa sob o pulso firme de Thielemann (ele próprio foi assistente de Karajan e em muito se assemelha ao perfil artístico do velho maestro) manteve o nível, aumentou a receita do festival, e vende mais ingressos que nos tempos de Rattle. 

© RAFAEL FONSECA

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