(1878) TCHAIKOWSKY Concerto para violino



Compositor: Piotr Ilyich Tchaikowsky
Número de catálogo: Op. 35 / ČW 54 / TH 59
Data da composição: 17 de março a 11 de abril de 1878
Estréia: 4 de dezembro de 1881, em Viena, Adolph Brodsky no violino e Hans Richter na regência da Filarmônica de Viena

Duração: cerca de 36 minutos
Efetivo: violino solista; 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetas, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, tímpanos e as cordas (primeiros- e segundos-violinos, violas, violoncelos, contra-baixos)

Após uma desastrosa tentativa de casamento com Antonina Miliukova, Tchaikowsky refugiou-se em Clarens, à beira do Lago Genève na Suíça, onde encontrou conforto nos braços do jovem violinista Iosif Kotek. Foi motivado pelo talento do jovem namorado que ele escreveu rapidamente — pouco mais de 3 semanas — seu único Concerto para violino.

Receoso das fofocas que poderiam advir da dedicatória de um Concerto a tão jovem solista, ele decidiu oferecer a obra a Leopold Auer, violinista húngaro de grande sucesso na Rússia da época. Como já havia acontecido antes com seu Concerto para piano, recusado violentamente pelo mestre Nikolaj Rubinstein, Auer rejeitou a partitura por considerá-la "inexeqüível". A estreia foi sendo postergada até que Tchaikowsky decidiu retirar a dedicatória a Auer e oferecer ao violinista russo Adolph Brodsky, que deu a primeira audição da obra com a Filarmônica de Viena.

I. Allegro moderato — Moderato assai
(Moderadamente rápido — Mais moderado) — cerca de 18 minutos
O tema de abertura já é sedutor, entoado nos violinos da orquestra e respondido pelo solista. É tal a profusão de belos temas que Tchaikowsky se dá ao luxo de não repetir este tema outra vez, como seria de se esperar num Concerto para violino do Romantismo. Ao contrário do Concerto de Brahms, contemporâneo deste, aqui o violino solista assume claramente sua posição de líder e protagonista, e a dinâmica de dualidade do diálogo é respeitada ao longo de todo o primeiro movimento, com perguntas e respostas do solista para a orquestra e vice-versa acontecendo de maneira bem clara. O virtuosismo exigido do solista é imenso e Tchaikowsky consegue genialmente que a música seja fácil para o ouvinte e tecnicamente complexa para o intérprete; foi, de certo, essa dificuldade a assustar Leopold Auer, que anos após recusar a obra, viu-se obrigado a incluí-la em seu repertório, uma vez que este tornou-se um dos mais tocados dos Concertos para violino.

II. Canzonetta: Andante
(Como uma pequena canção: A passo de caminhada) — cerca de 7 minutos
Na primeiríssima versão, Tchaikowsky havia criado outro movimento lento, mas Kotek e seu irmão Modest acharam que não tinha a mesma estatura do restante e então sem demoras ele — enamorado que estava — criou esta tocante passagem cuja ternura é evidente. O solista conversa com a flauta, enquanto ecoa como que ao longe a clarineta. O papa da crítica musical Eduard Hanslick escreveu que "o violino não é mais tocado, mas dilacerado [...] Tchaikowsky nos traz a verdade revoltante de que pode haver uma música que exala mal cheiro, e seu Concerto fede!". Tal declaração tão virulenta (mas bem de acordo com as paixões daquela época) reforçava a idéia dos austríacos de que música russa ou era muito bruta ou muito sentimental, e isso fez perpetuar ao longo do século XX de que a música de Tchaikowsky era ruim por conseguir ser popular. Tal cretinice, hoje, não tem mais lugar, visto que a música do mestre não sai de cena desde então.

— attacca: III. Finale: Allegro vivacissimo
(sem interrupção, Final: Rápido e com muita vivacidade) — cerca de 9 minutos
Um final arrebatador, cheio de verve, no qual o solista traz à cena um Trepak, dança típica ucraniana, e mais um outro tema folclórico russo. Trata-se do mais magistral final de Concerto jamais escrito, capaz de empolgar qualquer platéia e levá-las ao delírio. O autor teatral Mauro Rasi, que também foi músico, dizia com razão que este trecho é o que se pode chamar de "levanta defunto". Realmente, a energia desprendida com este movimento é imensa e chega-se ao final da obra em êxtase!

© RAFAEL FONSECA

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