(1909) RACHMANINOV Concerto para piano n. 3

Rach-3 [apelido da obra entre os pianistas]

Compositor: Sergei Rachmaninov
Número de catálogo: Opus 30
Data da composição: de abril/maio a 23 de setembro de 1909
Estréia: 28 de novembro de 1909, em Nova York, o autor ao piano, a antiga Sinfônica de NY sob regência de Walter Damrosch

Duração: cerca de 40 minutos
Efetivo: piano solista; 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetas, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, tímpano e as cordas (primeiros- e segundos-violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)

Estamos diante do mais difícil Concerto para piano do repertório, segundo lenda propagada pelos próprios pianistas. De fato, suas exigências técnicas fizeram enlouquecer um pianista, o australiano David Helfgott, cuja história, estreitamente ligada à essa música, foi retratada no filme "Shine" de 1996. E mesmo o pianista Józef Hofmann, tido pelo próprio Rachmaninov como o maior pianista que ele conhecia, e a quem ele dedicou a partitura, nunca o tocou em público. Há ainda casos como o da pianista portuguesa Maria João Pires, que não pode tocá-lo, não por incapacidade artística, mas por uma limitação física: de mãos pequenas, certas passagens lhe são impossíveis, devido ao tamanho enorme da mão de Rachmaninov. O lendário Arthur Rubinstein o chamava de Concerto-elefante, fazendo graça com suas imensas necessidades virtuosísticas.

É curioso que tal dificuldade não chega a agradar àqueles pianistas dados a acrobacias, já que a exigência é de virtuosismo internalizado, e nada de gratuito ou circense há na obra. São 3 os movimentos:

I. Allegro ma non tanto (Rápido mas não tanto) — cerca de 16 minutos
II. Intermezzo: Adagio (Entreato: Com calma) — cerca de 10 minutos
III. Finale: Alla breve (Final: Corrido) — cerca de 14 minutos

O Concerto apresenta uma grande unidade como um todo, quer seja pela similaridade entre o tema principal do primeiro movimento com o tema do final, seja pela integração das diferentes passagens e temas. Pensemos num Concerto Clássico, um Concerto de Mozart: há uma identidade que define cada um dos 3 movimentos, mesmo recurso que podemos encontrar no Concerto anterior de Rachmaninov, o Segundo (de 1901), mas aqui neste ele conseguiu uma única identidade para a obra como um todo. Uma das razões, talvez seja que tanto os temas como o tratamento da melodia e sua junção ao acompanhamento, e mesmo a combinação da voz pianística com as vozes da orquestra, tudo passa por um prisma caleidoscópico, fragmentando e multiplicando as idéias musicais, mas sem nunca separá-las a ponto de criar entre elas distância. 

Estamos falando de uma maneira extremamente inovadora de apresentar o diálogo do solista com o conjunto, ao mesmo tempo que o compositor pôde manter-se fiel à seu estilo, sem descambar para experiências — válidas, claro, que muitos de seus contemporâneos fizeram — que acabariam por afastá-lo de seu público. Afinal, era ele mesmo que iria tocar a obra e defender sua presença no repertório.

© RAFAEL FONSECA

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