(1912) RAVEL Suite "Dafne e Cloé" n. 2

Daphnis et Chloé, Fragments symphoniques II

Compositor: Maurice Ravel
Número de catálogo: M 57b
Data da composição: 1909 a 5 de abril de 1912
Estréia: 8 de junho de 1912, em Paris — Pierre Monteux regendo

Duração: cerca de 17 minutos
Efetivo: 1 flauta-piccolo, 2 flautas, 1 flauta-contralto, 2 oboés, 1 corne-inglês, 3 fagotes, 1 contra-fagote, 1 clarineta-piccolo, 2 clarinetas, 1 clarineta-baixo, 4 trompas, 4 trompetes, 3 trombones, 1 tuba, tímpano, caixa-clara, castanholas, pratos, bumbo, tambor, pandeiro, gongo, triângulo, celesta, glokenspiel, xilofone, máquina-de-vento, 2 harpas e as cordas (primeiros- e segundos-violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)

Foi a pedido de Diaghlev, que dirigia a série dos "Balés Russos" em Paris — mesma série na qual se dará o escândalo da estréia da "Sagração da Primavera" de Stravinsky — que Ravel escreveu um balé em 3 partes sobre a história do poeta grego Longus, de dois jovens apaixonados que vivem sob a benção dos deuses em comunhão com a natureza. Antes mesmo de terminar a partitura, em 1911, Ravel selecionou 3 trechos que foram apresentados em concerto e hoje são conhecidos como componentes da Primeira Suite.

A nossa Segunda Suite aqui tratada foi proposta por Ravel em 1913, ano seguinte à estréia, e é, na verdade, toda a terceira e última parte do balé, com as cenas se convertendo em movimentos:

I. Lever du jour: Lent
(Alvorada: Lento) — cerca de 6 minutos
Não há interrupção entre os trechos, a peça é um grande movimento sinfônico. A genialidade de Ravel no trato da orquestra aqui é inovadora e deslumbrante. De início temos o alvorecer, violinos e o piccolo trazem os pássaros à cena. Como se viessem discretamente se unindo ao discurso, os instrumentos vão se juntando e de repente temos uma caudalosa frase de toda a orquestra.
 
II. Pantomime, Les amours de Pan et Syrinx: Lent — Très lent
(Pantomima, Os amores de Pan e Siringe: Lento — Muito lento) — cerca de 5 minutos
O herói Dafne procura por Cloé, que foi raptada. Oboés e outros sopros criam o clima de expectativa e procura. Ao reencontro do casal, ouvimos o canto de Pan — na flauta, claro — que abençoa o amor dos dois.
 
III. Danse générale, Bacchanale: Lent — Animé
(Dança geral, Bacanal: Lento — Animado) — cerca de 5 minutos
Cloé dança em agradecimento a Pan e Siringe, e a dança vai se intensificando. As bacantes se reunem a ela e a dança é cada vez mais vertiginosa. Tudo termina numa explosiva celebração ao amor carnal.

Ravel compôs uma das obras mais belas do início do século XX e inovou na maneira de escrever para a orquestra, tomando caminhos que Wagner, Debussy e Richard Strauss tinham apontado antes dele e unificando tudo num sedutor discurso sinfônico cheio de surpresas, ritmos, cores, usando uma orquestra imensa (só de percussão é preciso colocar 15 instrumentos!) e tirando dela sonoridades sensuais e fantásticas (sobretudo dos sopros de madeira).

A música hoje é um sucesso frequente no repertório, em suas Suites — esta e a Primeira que a antecede — mas dificilmente se vê o balé ou se ouve a obra completa.

© RAFAEL FONSECA

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