(1903) SCRIABIN Sonata n. 4

Compositor: Alexander Scriabin
Número de catálogo: Opus 30
Data da composição: 1903
Estréia: ?

Duração: cerca de 8 minutos
Efetivo: piano

Esta é a Quarta das 10 Sonatas para piano que Scriabin escreveu, e é a que simboliza um momento de transição em sua trajetória criativa: se na vida pessoal ele vinha buscando com exagero explicações teológicas e filosóficas para o sentido da existência, no plano musical ele caminhava em direção à atonalidade. A Sonata tem apenas dois movimentos, tocados sem interrupção, e é a mais curta que ele escreveu:

I. Andante (Passo de caminhada) — cerca de 3 minutos
A atmosfera reflexiva remete ao Prelúdio do Tristão e Isolda de Wagner, mas sem o caráter da busca pelo desejo contida naquela música; aqui, o que temos, é a ânsia pelo saber, por desvendar os segredos. A maneira arpejante do tratamento faz lembrar Schumann e sua melancolia.

II. Prestissimo volando (O mais rápido possível, voando) — cerca de 5 minutos
A delicadeza do primeiro movimento dá lugar a uma inquietação que tem, pode-se dizer, algo de jazzistico. É um movimento jubiloso, que recusa qualquer depressão (que poderia advir após o primeiro movimento tão introspectivo) e para o qual Scriabin escreveu um pequeno poema em francês cuja frase principal "Le vol de l'homme vers l'étoile, symbole du bonheur" (O vôo do homen em direção à Estrela, símbolo da felicidade) define bem a intenção dele, como explica o uso do volando (voando) na indicação de tempo, referência ao intérprete mais filosófica que sugestiva à velocidade.

© RAFAEL FONSECA