(1837) BERLIOZ Réquiem

Grande Messe des morts

Compositor: Hector Berlioz
Número de catálogo: Op. 5 / H. 75
Data da composição: de março a 29 de junho de 1837 — revisões em 1852 e 1867
Estréia: 5 de dezembro de 1837 — Paris, Église des Invalides, François-Antoine Habeneck regendo mais de 400 músicos (entre coro e orquestra)

Duração: cerca de 1h e 35 minutos
Efetivo: tenor-solita, coro (40 sopranos, 40 contraltos, 60 tenores e 70 baixos);
Efetivo: 4 naipes de metais, fora da orquestra (I ao norte: 4 cornetas, 4 trombones, 2 tubas; II ao leste: 4 trompetes, 4 trombones; III a oeste: 4 trompetes, 4 trombones; IV ao sul: 4 trompetes, 4 trombones, 4 oficleides);
Efetivo: orquestra principal com 4 flautas, 2 oboés, 2 corne-ingleses, 4 clarinetas, 8 fagotes; 12 trompas, 4 cornetas, 4 tubas, 16 tímpanos (para 10 percussionistas), 2 bumbos, 10 pares de pratos, 4 gongos; 108 cordas (25 primeiros violinos, 25 segundos violinos, 20 violas, 20 violoncelos, 18 contra-baixos)

Quando o Ministro do Interior da França, Adrien de Gasparin, encomendou a Berlioz uma obra para homenagear os soldados mortos na Revolução de Julho de 1830, nem ele, nem o regente convidado (um desafeto de Berlioz, Habeneck) poderiam esperar algo de tal magnitude: o efetivo pede 4 orquestras de metais para cada uma das faces da Igreja (ou Sala de concertos), um coral imenso e uma orquestra impressionante, com uma seção de percussão nunca vista. Jamais outro compositor ousara reunir tantos recursos para uma música, ainda mais uma obra que não seria para tocar ao ar livre. 

Berlioz ainda se deu ao trabalho de deixar determinado na partitura, que caso se fosse aumentar o efetivo até 800 vozes (o homem, se pudesse, já estaria superando Mahler), se dobrasse a orquestra, mas que o tutti só deveria ser utilizado em 3 passagens: Dies iræ, Tuba mirum e Lacrimosa, sendo o restante cantado pelo coral de 400 vozes.

É um efetivo super impressionante, mas na maior parte do tempo a obra é calma e pacífica, a não ser nos 3 trechos especificados acima. Pode-se até dizer que a obra, no geral, é intimista. 

I. Requiem et Kyrie (cerca de 12 minutos)
A orquestra estabelece a atmosfera sombria que irá dominar este movimento e dá o tom à toda a peça. As vozes entram e a princípio a música cria certa agitação, a agonia e o desespero. Mas logo o canto volta a acalmar e o clima de ansiedade se dissipa, mas em clima ainda sombrio o coro vai repetindo "Kyrie" baixinho em dissonância, o que cria a idéia do inconformismo com a morte.

II. Dies iræ — Tuba mirum (cerca de 13 minutos)
O Juízo Final. Desolação e música lamentosa. A seguir uma Marcha que leva ao inevitável, enquanto o coral é dobrado pelos sopros em som agudíssimo. Os 4 conjuntos de metais (fora do palco/altar) entram, um a um, como que vindos dos quatro cantos do universo. Entra novamente o coral, simbolizando Mefistófeles (daí o coro pedir mais vozes graves que agudas).

III. Quid sum miser (cerca de 3 minutos)
Breve passagem que traz a consciência da fragilidade humana, a fraqueza do homem diante da humildade.

IV. Rex tremendæ (cerca de 7 minutos)
O contraste: Deus é maravilhoso, o homem é fraco e vulnerável. Durante o movimento, essa implacável realidade é mostrada nos gritos (Rex!) que logo sussurram "salva me".

V. Quærens me (cerca de 5 minutos)
Em forma de oração, muito tranquila.

VI. Lacrymosa (cerca de 12 minutos)
O último trecho que fala ainda da dor e do sofrimento, retrata as pessoas em descontrole, chicoteadas e empurradas em direção ao Juízo Final. Pela última vez serão usadas todas as forças da imensa orquestra, nas explosões aterradoras.

VII. Offertorium (cerca de 12 minutos)
Um movimento longo e genial no qual Berlioz coloca o coro repetindo um tema simples de 3 notas, de maneira quase monótona — simbolizando a oração incessante dos que estão no purgatório — enquanto a orquestra cria figuras suaves que vão se entrelaçando ao canto. Schumann, presente a uma das apresentações da obra, ficou fascinado com o recurso inovador do colega francês. 

VIII. Hostias (cerca de 4 minutos)
Retratando o abismo entre o céu e a terra, Berlioz coloca as vozes masculinas em inusitada combinação com flautas e trombones, criando o desejado efeito de que as vozes estão isoladas, pois é grande a distância entre o homem e Deus. 

IX. Sanctus (cerca de 12 minutos)
Com os Santos, o homem se sente mauis próximo à glória de Deus. O tenor-solista só entra aqui, já quase no final. Sua voz é acompanhada pelas violas e é respondida pelo coral feminino, em mais um efeito inovador e impressionante. 

X. Agnus Dei (cerca de 14 minutos)
Partes de trechos anteriores serão revisitadas, para dar força à idéia de conclusão. E a obra termina com música de ternura genuína, simbolizando o abandono dos pecados e a aceitação da alma no outro mundo, e nós, mortais, ouvimos ecos distantes, como  dos tímpanos, que simbolizam o Juízo Final (e que aterrorizaram no início da Missa), agora trovejando à distância enquanto o coro canta, cada vez mais baixo, a palavra "amém"...

© RAFAEL FONSECA

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