(1888) R. STRAUSS Poema Sinfônico "Don Juan"

Don Juan

Compositor: Richard Strauss
Número de catálogo: Opus 20 / TrV 156
Data da composição: de maio a 30 de setembro de 1888
Estréia: 11 de novembro de 1889 em Weimar — regência do autor

Duração: de 16 a 19 minutos
Efetivo: 3 Flautas (uma alternando com flauta-piccolo), 2 Oboés, 1 Corne-inglês, 2 Clarinetas, 2 Fagotes, 1 Contra-fagote, 4 Trompas, 3 Trompetes, 3 Trombones, 1 Tuba, Tímpanos, Pratos, Triângulo, Glockenspiel, 1 Harpa, e as Cordas (primeiros-violinos, segundos-violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)

É impressionante saber que Strauss tinha 24 anos ao compor, em 5 meses, esta genial partitura! Ele se baseia na versão de 1843 de Nikolaus Lenau, o poeta austríaco, da lendária figura do libertino Don Juan (o mesmo Don Giovanni que Mozart retratou em sua ópera homônima). Embora exista um Poema Sinfônico anterior a este, MacBeth, "Don Juan" pode ser considerado o primeiro dos grandes Poema Sinfônicos que ele escreveu, incluindo o impactante "Assim falou Zaratustra".

Allegro molto con brio — Tranquillo — Molto vivace (Muito rápido e com brio — Tranqüilo — Com muita vivacidade)

O tema de abertura, um revoar da orquestra seguido de um êxtase nos violinos, será o "Tema do Desejo", as paixões de seu anti-héroi, sua busca incessante por gozo. Ao fazer a transição para o Tranquillo, um solo de violino irá expor a sedução feminina, ainda que involuntária a este libertino sem limites. Volúpia e ternura se misturam de forma mágica. A realização do amor carnal, o sublime ápice, que de momentâneo dará lugar ao fastio: voltamos a ouvir seu tema atormentado em Allegro molto con brio e o soar de uma flauta, como quem se queixa, simboliza a reação da mulher conquistada e logo deixada de lado. Um oboé canta a admiração da próxima vítima, e a nova conquista está em curso. Don Juan nunca se satisfaz. Uma explosão sinfônica trará ao ouvinte o "Tema da Posse", o vulgar resultado das investidas do anti-herói. Após a apoteose triunfal, Don Juan é tomado pela lembrança das suas conquistas, o que logo se torna perturbação: as mulheres que enganou, o fantasma da finitude, a agonia da energia sexual que um dia se esvai. Ao final, tudo são sombras, o solo de violino volta, dessa vez em tom fugidio, e a atmosfera vai pesando até que o Tema do Desejo tenta retornar, mas é sucessivamente cortado por reflexões contrárias. O Tema da Posse soa mais uma vez, glorioso, afinal àquele pobre homem a posse pura e simples de outro ser era-lhe tudo que importava, era a sua realização maior. A seguir a uma escalada titânica da orquestra, o inevitável declínio... Don Juan perece, debilmente, em 2 baques surdos e secos.

© RAFAEL FONSECA