(1872) BIZET Suíte "Arlesiana"

L’arlésienne

Compositor: Georges Bizet
Número de catálogo: não tem
Data da composição: 1872
Estréia: 10 de novembro de 1872 — Cirque d’hiver, Paris, Orchestre Pasdeloup, regência de Jules Pasdeloup

Duração: cerca de 17 minutos
Efetivo: 2 flautas, 2 oboés (1 alternando com corne-inglês), 2 clarinetas, 2 fagotes, 1 saxofone alto, 4 trompas, 4 trompetes (sendo 2 alternando com cornetas), 3 trombones, tímpanos, bateria, 1 harpa 9ou piano) e as cordas (primeiros-violinos, segundos violinos, violas, violoncelos e contra-baixos)

A "Arlesiana" original estreou um mês antes da Suíte, em outubro de 1872, como trilha-sonora de uma peça teatral homônima de Alphonse Daudet. Apesar do fiasco da peça, a música ganhou popularidade instantânea, o que fez com que Bizet escolhesse 4 dos melhores números — dos 27 escritos para a ação da peça, entre trechos cantados e corais — para apresentar nos famosos Concertos populares de Pasdeloup. Bizet fez uma re-orquestração para grande orquestra sinfônica, já que o efetivo que acompanhava a ação teatral era bastante reduzido. 

São 4 movimentos:

I. Prélude: Allegro deciso, Tempo di Marcia
(Prelúdio: Rápido e decidido, em tempo de marcha)
Um tema poderoso, irresistível, abre a peça. Seguem-se quatro variações desse tema, tratadas por diferentes agrupamentos instrumentais. Na seção central, de ritmo lento, uma belíssima melodia entoada pelo saxofone domina o espaço musical. Vale lembrar que o saxofone era invenção recente. O terceiro tema desse prelúdio é apresentado pelos violinos, um tema ardente, apaixonado, de grande força dramática.

II. Minuetto: Allegro giocoso
(Minueto: Rápido e jocoso)
Faz as vezes de Scherzo e lembra a alegria de uma dança genuinamente popular. Outra vez, o saxofone se fará ouvir como solista.

III. Adagietto
(Lento com graça)
Uma passagem tocante, de imensa qualidade artística, trecho que confere genialidade a esta peça que poderia estar metida simplesmente no nicho da música ligeira, mas que graças a este adagio de expressividade quase devocional ganha estofo de grande obra.

IV. Carillon: Allegretto moderato
(Carrilhão: Moderadamente rápido, ainda mais moderado)
Trompas e harpas criam a harmonia que imita um carrilhão de sinos. Fica a certeza de que Bizet era um gênio capaz de criar saborosas melodias, o que se pode confirmar com sua obra-prima, a ultra-célebre ópera "Carmen".

Após a morte de Bizet, seu amigo e compositor de menor expressão Ernest Giraud organizou uma Segunda Suite "Arlesiana" mas ela, ao contrário da original, não se limita a re-orquestrar trechos da trilha-sonora de Bizet, como lhe adiciona temas e re-trabalha inteiramente as passagens. O que não impediu que a Segunda Suite pegasse carona na original e é muito comum que as duas sejam apresentadas juntas.

© RAFAEL FONSECA