Maria João Pires

Maria João Alexandre Barbosa Pires

Lisboa, 23 de Julho de 1944


Descoberta como pianista-prodígio aos 5 anos de idade, Maria João já se apresentava tocando os Concertos de Mozart — compositor cuja obra se tornou autoridade máxima em nosso tempo — com apenas 7 anos, e com 26 anos vira celebridade mundial ao vencer o Concurso Internacional de Bruxelas em 1970.

De mãos pequenas, o que a impede de tocar certas obras de Rachmaninov ou Prokofiev, Maria João domina um pequeno repertório, mas o faz com uma integridade ímpar. Suas versões de Mozart são insuperáveis, tanto das Sonatas quanto dos Concertos. As obras de Schumann e Schubert encontram em seus dedos uma delicadeza inédita. E um ícone do repertório pianístico, os Noturnos de Chopin, encontraram em suas mãos as mais doces e transcendentais versões jamais gravadas, com o alcance de uma atmosfera mágica.

Em 2003 ela funda o Centro de Belgais para o Estudo das Artes, em Castelo Branco, Portugal. Anos mais tarde, em 2006, o Ministério da Cultura português questiona todo o dinheiro investido, dizendo que o centro ainda não mostrara os resultados desejados. Essa questiúncula com o governo deixou a artista muito magoada, levando-a a decidir-se pela mudança para o Brasil, onde estabeleceu-se em Lauro de Freitas, perto de Salvador, Bahia. O Centro, administrado por sua filha Joana, acabou encerrado em 2009.

Mulher de vida simples, amante dos prazeres mais singelos, ela prepara seu próprio pão, cultiva em sua horta alimentos orgânicos. Talvez esse seja o segredo para a interpretação tão genuína da obra de Mozart, tão sensível da obra de Chopin, tão delicada das peças de Schumann e tão profundas de Schubert. Sem essa grandiosa simplicidade, Maria João não seria a poetiza que é. 

© RAFAEL FONSECA