Quarteto

Quando se fala em Quarteto, em geral estamos falando da formação do Quarteto de cordas: dois violinos, uma viola e um violoncelo.

Para muitos, se trata da mais nobre das formações cameristas. De certa forma, o quarteto é a alma de uma orquestra sinfônica, à qual podemos imaginar sem os contra-baixos (que até o Classicismo apenas repetiam a pauta dos violoncelos), as flautas (como Mozart preferia), sem metais (como muitas obras barrocas), sem percussão ou sem este ou aquele instrumento. Mas a falta de um desses é tão peculiar que será a exceção que confirma a regra. 

No período Barroco a formação apareceu por acidente algumas poucas vezes — há uma Sonata "a Quattro" de Alessandro Scarlatti, escrita por volta de 1720, para exatamente a formação do Quarteto de cordas — mas o Quarteto como gênero vai surgir no Classicismo, pelas mãos de Haydn: ele tinha 18 anos (isso em 1750, ano da morte de Bach e por convenção o fim do Barroco) e a pedido do Barão Fürnberg (seu primeiro empregador) escreveu algumas obras para esta formação para que ele, Haydn, mais Albrechtsberger e dois músicos amadores tocassem na propriedade do Barão em Weinzierl (Áustria). Daí para diante, vários outros Quarteto foram escritos por ele, a princípio em 3 movimentos (na estrutura dos Concertos, vivo-lento-vivo); e tardiamente — talvez por enxergar neles uma espécie de Sinfonia de Câmara — ele os faria em 4 movimentos (rápido-lento-minueto-rápido). Haydn influenciou todos os compositores seus contemporâneos, dentre eles Bocherini e Mozart.

O ápice da forma veio com o Romantismo inicial, nos Quartetos de Beethoven (cujos exemplares tardios se assemelham a verdadeiras Suites e apontam para uma modernidade sonora que só viria a realizar-se um século depois) e de Schubert, detentor dos mais perfeitos quartetos já escritos.

O gênero se manteve, mas não com a força de outrora. No Romantismo, Dvořák foi o que mais investiu na forma, escrevendo 14 deles. No século XX, Shostakovich foi o maior entusiasta do Gênero, escrevendo 15 quartetos.

No Classicismo, com Mozart, apareceram os Quartetos com piano, contando com um piano no lugar de um dos violinos. A dinâmica concertante nesse caso é mais rica, pela diferença da sonoridade do piano em relação às 3 cordas e também pela tendência solista deste instrumento (reforçada pelos compositores, a bem da verdade).

Diz-se dos Quartetos que eles são "uma ação entre amigos", música para se fazer em intimidade — como eram os encontros na casa de Mozart, dos quais o velho Haydn participava. Na verdade, isso se poderia aplicar a toda a Música de câmara, mas o quarteto, pela coesão sonora, dá mais essa impressão.

© RAFAEL FONSECA

QUARTETOS DE CORDAS: