(1819) SCHUBERT Quinteto "A Truta"

Forellenquintett (Quinteto da Truta)
Die Forelle (A Truta)

Compositor: Franz Schubert
Número de catálogo: D 667 / Op. 114
Data da composição: 1819
Estréia: 1819-? [incerta: talvez a primeira execução tenha sido em Viena com Johann Nepomuk Hummel no piano; talvez tenha acontecido em Steyr (Áustria) por Sylvester Paumgarten ao violoncelo e seu grupo]

Schubert havia escrito, em 1817, uma Canção (Lied), sobre texto do poeta Daniel Schubart, intitulada "A Truta", uma de suas melodias mais cativantes.

Dois anos depois, 1819, passeando em Steyr, na Áustria, tem contato com o violoncelista Sylvester Paumgarten, rico patrono das artes que, apaixonado pela melodia daquela Canção, lhe encomenda um quinteto. Talvez venha daí a formação inusual deste Quinteto — piano, violino, viola, violoncelo e contra-baixo, ao invés do comum de se adicionar um piano ao Quarteto de cordas, que tem dois violinos, viola e violoncelo — cuja função do contra-baixo será a de promover a sustentação das melodias, deixando o violoncelo (de Paumgarten) livre para uma participação mais interessante.

A obra só seria terminada em Viena, nesse mesmo ano. A melodia da "Truta" é, na verdade, a alma de toda a obra, embora só vá aparecer com inteireza no quarto movimento, no qual Schubert utilizou-se dela, a Canção que o autor da encomenda tanto gostava, para fazer as inventivas e originalíssimas variações.

O Quinteto (único na obra do compositor) ficou com a seguinte estrutura, bastante incomum para aquele momento ainda de transição entre o Classicismo e o Romantismo, em 5 movimentos: O primeiro é um Allegro vivace em Forma-Sonata; segue-se, como o esperado, o movimento lento, um Andante; o terceiro movimento é um Scherzo; é no quarto movimento que está a surpresa, pois ao invés do Finale temos as Variações sobre a "Truta", cujo tema é compartilhado por todos os instrumentistas, cada um tendo a sua vez de apresentá-lo, inclusive o contra-baixo; é no quinto movimento que está o Finale da peça.

Graças à imensa criatividade de Schubert nessa peça, ela permanece como uma das mais instigantes de todo o repertório de câmara.

© RAFAEL FONSECA