Johannes BRAHMS

Johannes Brahms
    
Hamburgo, 7 de maio de 1833 — Viena, 3 de abril de 1897
    
Catálogo Opus 1 - 122; WoO 1 - 38

Brahms foi o compositor a dar continuidade ao legado de Beethoven, no sentido de levar adiante a música sinfônica com características germânicas. Sempre de beleza complexa, suas obras apresentam-se como flores selvagens, às quais não se descobre o todo ante o primeiro contato; é preciso ouvir mais e mais, para sempre surpreender-se diante de um novo detalhe, uma frase escondida por entre as outras. Uma musicalidade que nos vem assim, como que em camadas, ou ondas, e a cada volta, de novo se refaz.

Defensor da chamada "Música pura", em oposição àqueles que acreditavam que a "nova música" precisava estar ligada a um sub-texto emocional, em geral advindo da literatura. Suas colocações angariaram a antipatia eterna de Wagner, o maior entusiasta dessa música absorta em conteúdo dramático, e que detestou vê-lo como sucessor de Beethoven.

De alma pouco paciente às firulas de seu tempo, detentor de um temperamento mais direto e quase rude, Brahms era um amigo fiel mas de difícil trato quando contrariado. Sua música evoca essa excêntrica sinceridade (que por vezes esbarrou na grosseria) com uma beleza sem concessões ao óbvio. O anedotário de seu tempo conta que numa recepção à qual fora convidado, ao se despedir disse: — "E que me perdoem aqueles aos quais eu não tive tempo de insultar".

No campo da música sinfônica ele não foi um reformador, não trouxe nada de exatamente novo, nem acrescentou instrumentos à orquestra; o exotismo é algo que não lhe interessava. Por outro lado, ele soube como poucos fazer renascer as velhas formas tradicionais, renovando-as com um frescor sempre jovial e impetuoso — como quando trouxe à tona o Classicismo em suas Variações sobre um tema de Haydn, sem perder de vista a atualidade do discurso para seu tempo, ou ainda quando resolveu fazer uma Passacalha no finale de sua Quarta Sinfonia.

Brahms é o Romântico mais fiel ao Classicismo, e o mais íntegro dos discípulos espirituais de Beethoven. Como compositor sinfônico, o fascínio que sua obra produz é imenso, ainda que para a grande orquestra ele tenha deixado apenas uma dúzia de obras e sabemos que ele era muito mais afeito da música de câmara e vocal.

© RAFAEL FONSECA

Catálogo de Opus:

Op. 15 - Concerto para piano n. 1
Op. 25 - Quarteto com piano n. 1
Op. 34 - Quinteto com piano
Op. 35 - Variações sobre um tema de Paganini
Op. 45 - Réquiem "Alemão"
Op. 68 - Sinfonia n. 1
Op. 73 - Sinfonia n. 2
Op. 77 - Concerto para violino
Op. 80 Abertura "Festival Acadêmico"
Op. 81 - Abertura "Trágica"
Op. 98 - Sinfonia n. 4
Op. 115 - Quinteto com clarineta

   Obras em ordem cronológica:

(1858) Concerto para piano n. 1
(1861) Quarteto com piano n. 1
(1863) Variações sobre um tema de Paganini
(1864) Quinteto com piano
(1868) Réquiem "Alemão"
(1876) Sinfonia n. 1
(1877) Sinfonia n. 2
(1878) Concerto para violino
(1880) Abertura "Festival Acadêmico"
(1880) Abertura "Trágica"
(1885) Sinfonia n. 4
(1891) Quinteto com clarineta