(1780) MOZART Concerto para piano n. 10

Concerto para 2 pianos

Compositor: Wolfgand Amadeus Mozart
Número de catálogo: K 365 / K-6 361a
Data da composição: 1780
Estréia: 1780, em Salzburg - Wolfgang A. Mozart & Maria Anna Mozart ao piano

Duração: cerca de 24 minutos
Efetivo: 2 pianos solistas, 2 oboés, 2 fagotes, 2 trompas e as cordas (primeiros- e segundos-violinos, violas, violoncelos e contra-baixo)

Antes deste, Mozart havia escrito um outro Concerto com mais de um piano, o de número 7, para 3 pianos, de 1776, para mãe e duas irmãs que não teriam talentos iguais, visto que o terceiro teclado fica com participação bem mais fácil que os outros dois. No caso deste, o Número 10, a exigência a ambos os solistas é igualmente distribuída; e Mozart o havia criado para tocar com sua irmã, Maria Anna, a "Nannerl".
     
Esses serão os únicos Concertos de Mozart, dentre os 27 escritos para piano, a contemplar mais de um solista. Diferente dos demais, onde se percebe nitidamente o diálogo entre forças — piano e orquestra — de forma bastante dual (perguntas e resopostas) e equilibrada, neste "Número 10" temos essa conversa acontecendo mais entre os dois solistas, com a orquestra exercendo um papel mais discreto, mais comentarista dos episódios do que participante ativa.
     
A composição precede a fase vienense de Mozart, e o encontramos voltando de importantes viagens — dentre elas, Paris e Mannheim — e confrontando-se com as limitações do público salzburguês, além da antipática oposição de seu "senhor", o Príncipe-Arcebispo Conde Hieronymus von Colloredo, com quem vivia em constante conflito. Dois anos antes ele havia escrito o de número 9, conhecido como "Jeunnehomme", primeiro da série em que se percebe aflorar da partitura sua genial criatividade (visto que os anteriores eram obras de infância ou ainda tímidos na exploração das potencialidades da parceria teclado e orquestra).
     
A razão para serem tão poucos os Concertos com mais de um solista no catálogo do compositor — uma vez que eles eram tão numerosos no Barroco, período findo 3 décadas antes — deve-se ao gosto do Classicismo, favorecendo a estética mais limpa e brilhante, que nos Concertos beneficia o solista como um líder e dá à orquestra ora o papel de responder-lhe, ora o de sublinhar sua participação, como que oferecendo uma base de sustentação da melodia.

São 3 os movimentos:

I. Allegro (Rápido) — cerca de 9 minutos
II. Andante (A passo de caminhada) — cerca de 8 minutos
III. Rondeau: Allegro (Em forma cíclica: Rápido) — cerca de 7 minutos
   
Aos 23 anos, o compositor que impressionava a Europa com suas próprias criações desde os 8, aqui não enfrenta dificuldade alguma na harmonização entre solistas e conjunto orquestral. Conjunto este ainda tímido, como a praxe da época: violinos, violas, contra-baixo (se houver violoncelos, eles repetem a pauta dos baixos), oboés, fagotes e trompas. Guardando a partitura com muito carinho, ele iria acrescentar clarinetas, trompetes e tímpano ao tocá-lo outra vez em Viena, em 1782.

© RAFAEL FONSECA